Património Material
Convento de São Bento de Cástris
É, possivelmente, o primeiro convento de freiras que surgiu em Portugal, tendo sido fundado em 1169, para as irmãs bernardas.
A igreja deste convento foi consagrada em 1328 e profundamente modificada durante o reinado de D. Manuel, obras custeadas por religiosas familiares dos fidalgos Almeidas.
Em 1274, por diligências da madre superiora Domingas Soeira, deu-se a integração na Regra de S. Bernardo.
A entrada é lateral, através de um átrio ou vestíbulo separado do exterior por um arco de volta inteira, com colunas parcialmente torsas.
A igreja compõe-se de nave única, com transepto, apresentando cobertura em abóbada artesoada ogival e bocetes dourados. Revestem as paredes da nave silhares de azulejos setecentistas, da Real Fábrica do Rato, em estilo rococó, representando cenas da vida de S. Bernardo. Na ábside encontra-se um retábulo de talha dourada, da época de transição D. José I - D. Maria I e do lado do Evangelho encontra-se uma grade que protege a casa atarracada do coro baixo, onde as freiras assistiam aos ofícios.
O coro baixo tem tecto de caixotões barrocos e painel de azulejos policromos, mandados fazer pela sacristã D. Ana de Almeida (1648). No final do séc. XIX, foi desmembrado o cadeiral primitivo, esculpido em madeira de carvalho, do estilo gótico flamengo, datado de 1538, o qual subsiste, desmembrado, na igreja matriz de Mora.
Destaca-se o claustro, bastante curioso, do séc. XV, em estilo gótico-mudéjar com elementos manuelinos e renascentistas, planta trapezoidal, sendo composto por dois pisos, o primeiro em arcos de ferradura e o segundo de volta abatida. Parte desta construção é de autoria do mestre Estêvão Lourenço (1521).
Na Sala do Capítulo encontram-se janelas geminadas, em granito, e o seu tecto é de nervagem abatida.
O refeitório, do séc. XVI, apresenta uma barra de azulejos policromos seiscentistas, do tipo maçaroca de milho, e a cobertura pintada a fresco, de temática simbólica dos Evangelhos e das Estações do Ano.
Com a extinção das ordens religiosas, em 1834, foi impedido o acesso proibida a novas religiosas e algumas famílias instalaram-se nos edifícios conventuais. Em 1890 morreu a última freira e o espólio do convento foi parcialmente recolhido em instituições públicas, distribuído pelas igrejas da diocese ou leiloado. O edifício ficou na posse do Estado e após ter sido usado para diversos fins, foi restaurado no início dos anos 40.
ALMEIDA, José António Ferreira de (orientação e coordenação), Tesouros Artísticos de Portugal, Selecções do Reader's Digest, Lisboa, 1982.
ALVES, Afonso Manuel, Évora a Cal e a Pedra, Publicações D. Quixote, Lisboa, 1990.
ESPANCA, Túlio, Évora - Encontro com a Cidade, Câmara Municipal de Évora, Évora, 1988.
LOPES, Flávio (coord.), Património Classificado - Arquitectónico e Arqueológico - inventário, vol. I, Lisboa, IPPAR, 1993.