É o mais imponente e bem conservado castelo algarvio. A sua construção remonta ao tempo dos mouros, que o ocuparam do século VIII ao século XIII, mas supõe-se ter sido edificado no local onde teria existido uma fortificação romana, por sua vez construída sobre uma outra talvez fenícia, constituindo, no seu conjunto, uma das mais notáveis obras de arquitectura militar que os árabes deixaram entre nós.

É constituído por fortes muralhas de grés avermelhado, quatro espessas torres, sete quadrelas e um baluarte. A sua grossa porta era inicialmente de bronze.

No centro da esplanada ergue-se uma enorme cisterna com cerca de 10 metros de altura e 800m2 de superfície, com a abóbada abaulada e cinco arcos de volta inteira, sustentados por quatro ordens de colunas. Esta cisterna tinha a capacidade necessária para defender dos tormentos da sede a guarnição e a população da cidade durante longos meses.

Em quase toda a área do castelo encontram-se construções árabes subterrâneas, cuja entrada consiste normalmente em pequenas aberturas ao nível do solo, e que funcionavam provavelmente como silos.

Sofreu, mais do que a acção do tempo e das conquistas e reconquistas cristãs e mouras, os terriveis efeitos dos sismos que, desde o século XIV até ao célebre terramoto de 1755, sempre assolaram o Algarve.

Sofreu obras de restauro nalguns lanços de muralhas e na torre de menagem, cerca de 1835. Estas obras foram custeadas pelos habitantes de Silves que se quotizaram, por temerem que o seu castelo sem alcaide atraísse e fosse ocupado pelos bandos armados do guerrilheiro legitimista "O Remexido" que, por esses anos atemorizou o Algarve, ou mesmo pelas indisciplinadas tropas que o perseguiam. Restauro nos anos 40 do século XX, levada a cabo pelo Ministério das Obras Públicas - Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais. Este restauro compreendeu: demolição de uma pequena casa construída junto à torre vizinha da entrada principal do castelo; a demolição de algumas edificações anexas à casa do guarda e a reconstrução dos telhados desta bem como a remoção dos entulhos acumulados sobre as respectivas abóbadas, e a reparação geral de rebocos desta casa; escavações destinadas ao rebaixamento e à regularização do solo junto à entrada principal e na praça de armas; apeamento e reconstrução de uma das torres, que ameaçava ruína, bem como de diversos panos de muralhas, por igual motivo; consolidação da torre de menagem e restauro do seu coroamento; tomada de juntas em todas as torres e panos de muralha; reconstituição de todos os adarves, com os seus degraus em tosca cantaria, bem como da guarnição de ameias; consolidação de alguns cunhais e abóbadas das torres, com fortes cintas de betão armado, encobertas; construção de portas de grande espessura segundo modelos da época; limpeza geral da cisterna existente na praça de armas.

"Algarve: Silves", Região de Turismo do Algarve, 1988 (folheto).

ALMEIDA, José António Ferreira de (coord.), Tesouros Artísticos de Portugal, Lisboa, Selecções do Reader's Digest, 1982.

LOPES, Flávio (coord.), Património Classificado - Arquitectónico e Arqueológico - inventário, vol. I, IPPAR, Lisboa, 1993.

OLIVEIRA, Manuel Alves de, Guia Turístico de Portugal de A a Z, (Lisboa), Círculo de Leitores, 1990.

"Castelo de Silves", in Boletim da Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, Nº 51, Março de 1948.