Património Material
Ermida de Nossa Senhora do Livramento, compreendendo todo o recheio
O primeiro documento que a ela se refere data de 1340. Pertenceu à Confraria dos Navegantes e Pescadores da Vila de Setúbal, que tinha como orago o santo dominicano S. Pedro Gonçalves, também conhecido por Corpo Santo ou Santelmo (protector dos pescadores e navegantes). Em 1444, receberia privilégios e isenções, por parte do Infante D. Pedro, bem como da parte de diversos reis, entre os séculos XV a XVIII. No séc. XIX foi sede de duas associações marítimas ("Monte-Pio da Corporação Marítima da Casa do Corpo Santo" - dos pescadores de anzol, e "Sociedade Setubalense de Pescaria Franciscana").
O conjunto actual data dos inícios de setecentos (de acordo com data que se pode ler no portal - 1714), formando um dos mais notáveis núcleos do barroco setubalense. A Casa tem espaçoso átrio ou antecâmara, decorado com um silhar de azulejos azuis e brancos do primeiro quartel do séc. XVIII, que se prolonga pela escadaria de acesso ao andar nobre, com representações de urnas e cariátides; subindo as escadas entra-se num amplo vestíbulo ornado com azulejos historiados, da centúria de setecentos, assinados com as iniciais P.M.P., com decoração de urnas floridas, caçadas, cenas do campo; o tecto de "caixotões" mostra decoração de tradição seiscentista, com motivos vegetalistas estilizados e de "grotescos". Daquela divisão tem-se acesso à Capela que se encontra revestida de excelente talha dourada de "estilo nacional", e à Sala do Despacho ou Salão Nobre, também coberta de azulejaria com o monograma P.M.P., de realçar, ainda nesta ala a pintura do tecto, com algum sabor barroco, alusiva ao orago da Casa. Tanto a Capela, como a Sala do Despacho, possuiem no pavimento, alternando com a tijoleira, azulejos de figura avulsa. A classificação abrange todo o edifício e o muro. (O seu processo de classificação encontra-se em reapreciação)
ALMEIDA, José António Ferreira de (coord.), Tesouros Artísticos de Portugal, Lisboa, Selecções do Reader's Digest, 1982.
DUARTE, Ana e ABREU, Maurício, Igrejas e Capelas da Costa Azul, Setúbal, Região de Turismo da Costa Azul, 1993.
LOPES, Flávio (coord.), Património Classificado - Arquitectónico e Arqueológico - inventário, vol. III, Lisboa, IPPAR, 1993.
ROTEIRO CULTURAL DA CIDADE DE SETÚBAL - SETÚBAL CULTURAL, Setúbal, Câmara Municipal de Setúbal, 1994.
SETÚBAL (Folheto), Região de Turismo da Costa Azul, [s.d.].