Património Material
Casa de Artur Prat
Num terreno delimitado entre o Parque Eduardo VII e a Av. António Augusto de Aguiar, o escultor e pintor Artur Prat e a sua mulher, Clementina Prat, mandaram edificar, cerca de 1912, a sua residência, projetada pelo arquiteto Ventura Terra.
O edifício, de gosto "afrancesado", recebeu a Menção Honrosa do Prémio Valmor de 1913, "por também nelle concorrerem predicados estheticos que encarecem a belleza e harmonia de proporções do edifício" (BAIRRADA, 1988, p. 74).
A casa tem planta retangular e três pisos, apresentando o alçado principal soco em cantaria ladeado por cunhais decorados por motivos florais junto à cimalha.
No primeiro piso inscreve-se uma porta central, ladeada por janelas de vão retangular emolduradas a cantaria.
No segundo andar, inscreve-se uma varanda com gradeamento em ferro apoiada em mísulas, e para a qual se abrem três janelas de vão retangular, emolduradas em cantaria, em forma de arcos inscritos num alfiz.
O terceiro andar é corrido por cimalha saliente, sobrepujada por uma espécie de mansarda revestida a ardósia; este piso onde se inscrevem três janelas de vão retangular encimadas por gabletes, é rematado por um gradeamento de ferro.
Na fachada lateral, nos primeiros dois pisos, inscreve-se fenestração de vão retangular com gradeamento em ferro e no terceiro andar, uma varanda corrida. Na fachada posterior, no primeiro piso, do lado esquerdo, rasga-se uma porta em arco abatido, com decorações de folhas entrelaçadas, nos espaços entre as aduelas; no lado direito três janelas de vão retangular. O segundo piso da fachada posterior é em loggia, no lado esquerdo observa-se uma varanda balaustrada em forma de concha, ladeada por pilastras. Na varanda assentam colunas jónicas que apoiam um arco pleno articulado com um festão de folhas. O arco e as pilastras são corridos por uma cornija interrompida por um grupo escultórico da autoria de Artur Prat, e ao nível das pilastras inscrevem-se duas urnas. O lado direito é também corrido por balaustrada interrompida por dois blocos de cantaria que suportam duas colunas jónicas; duas outras colunas encontram-se adossadas às paredes laterais, sustentando entablamento sobrepujado por platibanda decorada com volutas.
As ornamentações em cantaria foram fabricadas nas oficinas Pardal Monteiro, sendo as silharias da autoria de Jacob Lopes da Silva.
Em 1918, o edifício foi adquirido pela Condessa de Arrochela e, em 1935, devido aos elevados montantes de dívida bancária, a casa foi hipotecada e posta à venda em hasta pública. Foi então adquirida pela Associação dos Engenheiros Civis, que a partir de então ficou aí sediada. No ano de 1936, o decreto-lei que criou a Ordem dos Engenheiros levou a que a associação suspendesse a sua atividade, arrendado o edifício à nova ordem, que aí instalou a sede, aproveitando não só o espaço como todo o recheio da casa. Esta instalação seria definitiva com a extinção da Associação dos Engenheiros Civis em 1956, em consequência da qual todos os seus bens, incluindo a Casa Artur Prat, foram incorporados na Ordem dos Engenheiros.
SANTANA, Francisco e SUCENA, Eduardo (dir.), Dicionário da História de Lisboa, Lisboa, Carlos Quintas & Associados - Consultores, Lda., 1994.