Património Material
Capela dos Ferreiros, anexa à igreja matriz de Oliveira do Hospital
Tem como titular tradicional Nossa Senhora da Graça, gótica e pertence à época dos séc. XIII_XIV.
Cobre-a uma abóbada de pedra aparelhada, em berço quebrado e contínuo, sem arcos de reforço. Tem à direita a porta de comunicação com a igreja, de arco quebrado e só com arestas chanfradas; ao lado esquerdo, o da rua, abrem-se dois óculos redondos, de grande esbarro e de preenchimento quadrilobado, separados no exterior por um contraforte de degraus, posto a meio. Remata esta parede, na face de fora, uma cachorrada de feição românica e simples.
O retábulo encosta-se ao topo de nascente e, ao de poente, arrumam-se dois túmulos.
Segundo Coelho Gasco, encontrava-se na parte de fora da Capela um letreiro que dizia: "No nome de Deus e da Virgem Santa Maria sua Madre, Domingos Joannes, Cavaleiro de Oliveira, fez esta Capella para si e para sua mulher na era de 1279". Nas últimas obras não foi encontrada e poderia mesmo estar no topo oculto pela torre. Não parece lícito duvidar que tivesse existido já que outras fontes manuscritas se lhe referem. Puderam, porém, suscitar-se, muito legitimamente, dúvidas acerca da exacta transcrição do milésimo ou se haveria efectivamente referência ao ano ou, como referido, à era.
O pequeno retábulo, de particular significado histórico, representa, entre dois contrafortes com pináculos, um arco quebrado, de cogulhos no extradorso, incluindo, em relevo, a Virgem com o Menino. Outra Virgem com o Menino, da mesma época, séc. XIV, está colocada acima do altar num nicho tosco cavado na própria parede.
No topo oposto da capela estão colocados a par dois túmulos, considerados da melhor escultura tumular do País. São esculturas de estátuas jacentes, do séc. XIV, uma masculina, vestida de túnica e manto de ordem, segurando a espada com a direita e luvas com a outra, com um cão estendido aos pés. Ambas as arcas assentam em leões de duas épocas e representam as estátuas fúnebres de Domingos Joannes e Domingas de Sabaché, esta, senhora de origem francesa com quem o Cavaleiro de Oliveira casou em consequência da sua estada como cavaleiro e, segundo se diz, condestável em França.
Apresentam ainda as tampas fúnebres alguns letreiros insculpidos em escritura cursiva que se diz terem sido executados a mando do grão mestre de Rodes, André do Amaral, quando em 1515 renovou a sua carta de brasão, incluindo neste as armas do seu quinto avô, o Domingos Joannes. Entretanto, uma personalidade de reconhecido mérito científico questionou recentemente a legitimidade e a boa-fé destas inscrições, afirmando não serem elas mais do que um estratagema do Duarte do Amaral para obter o grau de mestre da Ordem de São Jão de Jerusalém, que efectivamente conseguiu
Sobre as duas esculturas encontra-se também uma escultura que é exactamente a estátua do Cavaleiro de Oliveira - Domingos Joannes montado no seu cavalo. Existe outra idêntica no Museu Machado de Castro, em Coimbra, havendo acesa polémica sobre se a cópia é a que se encontra na Capela dos Ferreiros ou se esta é mesmo o original.
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