Património Material
Capela de São Sebastião (Ericeira)
A importância da Ericeira adveio do facto de aí se encontrar um porto de pesca que, por si só, constitui a única saída importante para o mar que ocorre na costa compreendida entre Cascais e Peniche. Esta situação vantajosa fez dela, até meados de oitocentos, a 4ª Alfândega do Reino, apenas ultrapassada por Lisboa, Porto e Setúbal.
A Capela de São Sebastião encontra-se localizada junto ao mar e apresenta planta hexagonal com uma cobertura de cúpula em alvenaria de tijolo e cal, formando gomos.
Possui três portas, tendo a encimar a principal uma lápide onde se pode ler S[ão] Sebastião M[ártir]. O interior é completamente revestido desde o chão em tijoleira à cúpula por azulejaria polícroma seiscentista; a excepção desta cobertura em azulejo é uma moldura saliente em estuque onde assenta a cúpula, as cantarias das entradas e do arco triunfal, a cimalha em cantaria do altar-mor e o retábulo do altar. O retábulo, de influência italiana é composto por mármores de várias cores, mostrando a imagem setecentista do padroeiro.
Não se sabe ao certo a data da sua edificação. Existem várias opiniões sobre a sua origem: os que apontavam para uma construção da época mourisca, até os que viam aqui os restos de uma ábside romana, justificada pelas maciças paredes que compõem o templo, ou ainda, aqueles que dizem tratar-se de uma edificação completamente cristã, provavelmente do séc. XVI ou finais do séc. XV. De facto, há notícias que D. Luís de Sousa, arcebispo de Lisboa, mandou efectuar trabalhos de restauro no último quartel de seiscentos (1678), tendo sido acrescentado o espaço destinado às sacristias e ao altar, respeitando contudo a anterior traça arquitectónica e decoração.
LUCENA, Armando de, Monografia de Mafra, [Mafra], Comissão Municipal de Turismo, [1944].