Património Material
Casa dos Bicos
Valor Histórico, Valor de Memória
A Casa dos Bicos é um dos raros exemplares de arquitectura civil quinhentista lisboeta. O edifício foi mandado construir por Brás de Albuquerque, em 1523, no local onde a família de Afonso de Albuquerque já possuía propriedades.
O cataclismo de 1755 destruiu os dois últimos pisos da casa, subsistindo apenas a loja e a sobreloja. O edifício esteve abandonado até à década de 80 do século XX. Em 1981 a Exposição Europeia de Arte, Ciência e Cultura acordou com a Câmara Municipal de Lisboa o restauro do edifício, e dois anos depois estava recuperada a volumetria inicial.
De planta rectangular, a casa apresenta quatro pisos separados por molduras que percorrem toda a fachada, com cobertura em telhado de quatro águas. A fachada principal, virada a sul, é revestida com pedras talhadas em forma de diamantes, à semelhança de outros exemplares em moda "dei diamanti", na altura existentes em Espanha e Itália - esta característica deu origem à sua designação Casa dos Diamantes. No primeiro andar, dispostas assimetricamente, inscrevem-se seis portas de várias dimensões; quatro com vãos rectangulares e duas com arcos contracurvados. No segundo piso, também distribuídas assimetricamente, rasgam-se quatro janelas de várias dimensões. O terceiro e o quarto andar são dinamizados por fenestração em arcos polilobados, estilizados. O espaço interior, completamente descaracterizado em relação ao que foi o solar dos Albuquerques, possui escadaria em mármore claro com linhas arrojadas, que contrastam com o preto das paredes.
1928, 1929, 1937, 1942, 1943, 1947, 1949, 1950 - diversas obras de reparação, beneficiação e limpeza do edifício.
1958 - obras na cobertura virada para a Rua Afonso de Albuquerque.
1969 - obras de conservação e melhoramento.
1983 - a casa foi remodelada sendo-lhe restituídos os dois pisos que foram destruídos pelo Terramoto de 1755.
LOPES, Flávio (coord.), Património Classificado - Arquitectónico e Arqueológico - inventário , vol. II, Lisboa, IPPAR, 1993.
RODRIGUES, José Armando; COSTA, José Lino; MAGALHÃES, Maria Filomena de; ANGÉLICO, Maria Manuel, Oásis Alfacinhas Guia Ambiental de Lisboa Verbo, Lisboa, 1998.