No ano de 1505, em cumprimento de uma promessa, foi mandada construir uma capela em honra de S. Sebastião no Bairro da Mouraria pelos artilheiros da guarnição de Lisboa. Em 1662, com a união das irmandades de S. Sebastião e de Nossa Senhora da Saúde e com a transferência da imagem de Nossa Senhora da Saúde para o local, a casa religiosa passa a ter a invocação actual.
A capela tem planta longitudinal composta, distinguindo-se a nave única, capela-mor e sacristia. O edifício é circundado por cornija, que serve de apoio ao beiral saliente, sobre o qual se ergue um frontão de lanços que abrange toda a largura da fachada. No alçado principal, orientado a Sul, inscrevem-se quatro pilastras toscanas de cantaria, sendo de salientar o portal de vão rectangular com entablamento coroado por frontão curvo interrompido e vértices em forma de volutas. A dominar o portal encontra-se um janelão de vão rectangular emoldurado a cantaria, coroado com o escudo real. Nos alçados laterais, a Este e Oeste, no segundo piso, desenham-se janelas de vão rectangular com moldura em cantaria simples. No alçado Este, destacam-se dois vãos com verga curva, no primeiro piso inscreve-se uma porta. Sobre a cobertura, uma torre sineira, rasgada nas quatro faces por sineiras e coroada por um elemento de forma bulbosa, no qual se inscreve uma cruz.
No espaço interior encontram-se dois altares laterais, púlpitos de lançaria de madeira, coro com balaustrada torneada coberta por talha com volutas e assente numa barra sobre mísulas, a que se acede através de escada de ferro em caracol. Silhares de azulejo azul e branco, do séc. XVIII, representando figuras bíblicas, definem o espaço interior; os painéis, cuja autoria é atribuída a António de Oliveira Bernardes, possuem cercadura larga e têm como legenda:

A capela-mor, com abóbada de aresta, é antecedida por um arco triunfal e dois vãos inscritos no lado direito que lhe conferem uma luminosidade natural; encontra-se decorada em talha dourada do final do séc. XVIII. Destaca-se a imagem de Nossa Senhora da Saúde num retábulo oval, abobadado, da autoria de Brás de Almeida; a cúpula do retábulo assenta em colunas salomónicas decoradas com flores e colunas caneladas, com capíteis coríntios. A cobertura da nave é em abobadilha estucada e com pintura ornamental. Na sacristia pode-se observar azulejos brancos e azuis (no rodapé), o lavabo, a pia de concha de mármore, cadeirões e cadeiras de couro com o emblema da irmandade, um quadrinho de renda branca. Destaque ainda para a imagem em pedra de Nossa Senhora da Graça com o Menino nos braços, que se encontra inserida num trono com redoma de vidro, sobre o arcaz.

DIÁRIO DA REPÚBLICA, I Série B, nº 56 de 06-03-1996.

SANTANA, Francisco e SUCENA, Eduardo (dir.), Dicionário da História de Lisboa, Lisboa, Carlos Quintas & Associados - Consultores, Lda., 1994.