Património Material
Museu da Água da EPAL - Núcleo Aqueduto das Águas Livres
Foi sob proposta do Procurador da Cidade, Claudio Gorgel do Amaral, que o rei D. João V desde o início apoiou, que os trabalhos se iniciaram, tendo sido criados impostos para custear a obra. Esta deve-se ao arquitecto italiano António Canevari (1732), pouco depois substituído pelos arquitectos José da Silva Pais, Manuel da Maia e Custódio José Vieira. O projecto inicial que tinha intenção de fazer chegar a água aos bairros orientais da cidade, não chegou a ser realizado. O aqueduto inicia-se na nascente das Águas Livres, lugar conhecido pela Mãe d’Água Velha, em Caneças, e tem um comprimento de 19 km até chegar à Mãe d’Água das Amoreiras, em Lisboa. Ao longo do seu trajecto vão entroncando nele diversos troços: Caneiro, Fonte Santa, Marianos, Almarjão, Rascoeira, S. Brás, Galegos, Necessidades, Outeiro e Buraca.
O Aqueduto, é no seu género, o mais belo monumento ligado à água, existente no país. Ao longo da sua construção possui 109 arcos, dos quais 35 localizados sobre o Vale de Alcântara. Sobre esta depressão o troço alcança uma extensão de 941 m e de cada lado da galeria existe uma passagem para peões (o célebre passeio dos arcos); apresenta aqui sua faceta mais imponente, onde 14 daqueles arcos são góticos, tendo o maior (central) a considerável altura de 65 m e de largura 29 m. Por baixo passa a Avenida Calouste Gulbenkian.
No último tramo do aqueduto, também de grande valor arquitectónico, surge, após um ângulo recto, o Arco das Amoreiras, e depois de uma série de 10 arcos, a Casa da Água ou Mãe d’Água, decorada exteriormente com três belos painéis de azulejos da época, e que faziam parte da Igreja de S. Lourenço de Carnide. A Casa da Água apresenta uma configuração quadrangular, tendo o reservatório, no lado da parede donde jorra a água, um conjunto escultórico onde se destaca a figura de Neptuno. Foi posteriormente fechada na parte superior por uma abóbada de tijolo, trabalho concluído em 1834. Entre dois arcos próximos da Mãe d'Água, encontra-se encaixada a capela de Nossa Senhora de Monserrate, que já existia no local. Este troço final teve como director entre 1745 e 1756, Carlos Mardel.
O Arco das Amoreiras, constitui uma secção terminal com um arco trinufal e duas inscrições a comemorar a chegada da água a Lisboa, em 1748.
ALMEIDA, José António Ferreira de (coord.), Tesouros Artísticos de Portugal, Lisboa, Selecções do Reader's Digest, 2ª reimpressão, Junho de 1982.
BERGER, Francisco Gentil; BISSAU, Luís; TOUSSAINT, Michel (coords.), Guia de Arquitectura Lisboa 94, Lisboa, Associação dos Arquitectos Portugueses/Sociedade Lisboa 94/Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa, 1994.
LOPES, Flávio (coord.), Património Classificado - Arquitectónico e Arqueológico - inventário, vol. II, Lisboa, IPPAR, 1993.