Património Material
Aqueduto da Usseira
O Aqueduto da Usseira, construido no século XVI a partir de 1573, foi custeado pela rainha D. Catarina da Áustria, mulher de D. João III, em troca da Várzea do Mocharro cedida pela Câmara, que a partir dessa data passou a chamar-se a Várzea da Rainha.
Situado a Sul de Óbidos, abastecia a vila de água, vinda da nascente localizada na freguesia da Usseira.
Desenvolvendo-se no sentido N-S, o aqueduto percorre uma extensão de cerca de 6Kms, repartida em três troços: 3 Kms de canalização subterrânea, que vão desde a nascente, na Usseira, até ao Vale dos Arcos; cerca de 2,5 Kms em arcaria levantada sobre o referido Vale até à porta de Nossa Senhora da Piedade, nas muralhas de Óbidos; e por último, cerca de 500 m subterrâneos desde a Rua Direita até ao Chafariz da Praça.
É um aqueduto de arcaria com um só andar, mas de altura e robustez apreciáveis, construído em pedra e, junto à vila, coberto de alvenaria. Por sua vez, caracteriza-se por arcos estreitos de volta perfeita e arcos mais largos ligeiramente ogivais ou quebrados.
Existem dúvidas relativamente aos arquitectos/construtores, no entanto avançam-se duas hipóteses: por um lado, poderá ser atribuido o risco do aqueduto ao arquitecto Afonso Álvares (mestre de obras da Água da Prata e do Aqueduto das Amoreiras), que possivelmente terá entregue a sua execução aos mestres-pedreiros Gonçalo de Torralva ou Onofre de Carvalho; por outro lado, o traçado poderá ser dos próprios mestres que realizaram o projecto, nomeadamente Gonçalo de Torralva ou outros mestres como António, Álvaro e Francisco Fernandes, pois todos eles trabalharam em Óbidos no fim do século XVI. É de salientar, ainda, que o Aqueduto da Usseira alimentava três chafarizes, nomeadamente o da Mãe-de-Água, à entrada da vila, actualmente destruído, o da Praça e o da Bica, para além de dois ou três bebedouros.
LOPES, Flávio (coord.), Património Classificado - Arquitectónico e Arqueológico - inventário, vol. II, Lisboa, IPPAR, 1993.