Património Material
Anta de Pavia, transformada em capela de São Dinis
Trata-se de uma das maiores antas do país e encontra-se relativamente completa, embora tenha sofrido alguns atentados. Foi objecto de escavação de uma equipa orientada pelo prof. Virgílio Correia entre 1914 e 1915, tendo sido recolhido algum espólio para o Museu Dr. Leite de Vasconcelos, em Belém. Na altura encontrava-se rodeada por casario popular, o qual desapareceu por expropriação oficial, na altura do restauro dirigido pelos Monumentos Nacionais, na década de 1950. Não se sabe qual foi o período em que foi transformada de anta em capela, mas a sua primeira referência documentada data de 1625, sendo pertencente ao cante da Catedral de èvora, Manuel de Severim de Faria. A face oriental, na linha do corredor de entrada, tem uma discreta frontaria de cornija triangular, de tosca alvenaria, rematada por cruz de pontas trilobadas e campanário sem sineta, alcançando o capelo. É uma simples portada de molduras de aresta viva e arco redondo, assente em três degraus de pedra. A câmara-nave, com planta circular, como tronco de pirâmide, é composta por sete esteios megalíticos e chapéu, só é decorada no fundo por um altar encimado de moderno painel cerâmico, representando S. Dinis e que infelizmente substituiu, na década de 1930, o primitivo retábulo do padroeiro, obra mural grosseira e populista, com características de cerca de 1600. A figura mitrada e de manto, segurava na mão esquerda o báculo apoiado no livro da doutrina, erguendo a direita segundo o ritual: era pintura de incáustica, com domínio do vermelho e ocre.
LOPES, Flávio (coord.), Património Classificado - Arquitectónico e Arqueológico - inventário, vol. I, Lisboa, IPPAR, 1993.26-31.
SERRÃO, Joaquim Veríssimo, Viagens em Portugal, de Manuel Severim de Faria, 1974, pp. 144-145.