Património Material
Túmulo de D. João de Noronha, o Moço
O túmulo do alcaide-mor D. João de Noronha - O Moço, e de sua mulher D. Isabel de Sousa localiza-se no corpo da Igreja de Santa Maria, na capela dedicada a Nossa Senhora da Piedade, construída em 1525, junto do altar colateral do lado do Evangelho.
Trata-se de um trabalho realizado em pedra de ançã, atribuído por uns a João de Ruão, por outros a Nicolau de Chanterene. Embora não haja acordo quanto ao seu autor, é certo que se trata de uma obra do renascimento coimbrão.
Por sua vez, os profundos restauros sofridos pela Igreja de Santa Maria ao longo dos séculos levantam dúvidas quanto à data da construção do túmulo. Reinaldo dos Santos avança com os anos 1526/1528, como datas possíveis da realização do túmulo e grupo escultórico.
O túmulo encontra-se embebido numa bela edícula, cujo interior surge envolvido por abóbadas ornamentadas e emolduradas por um arco pleno lavrado, assente em duas pilastras finamente trabalhadas. As colunas laterais, também lavradas, caracterizam-se pelo destaque das intermédias, que terminam num ábaco que serve de mísula a expressivas estatuetas resguardadas por baldaquinos. As colunas das extremidades elevam-se até à arquitrave, onde um anjo repousa sobre cada uma delas.
A face do túmulo apresenta uma inscrição lavrada alusiva aos jacentes, entre as figuras de dois anjos, que seguram os brasões esquartelados dos Sousas e Noronhas. Ao centro e encimando o túmulo surge um notável grupo escultórico, que representa a Deposição no Túmulo, de onde sobressai a imagem da Virgem Mãe com o Senhor morto nos braços, assim como as figuras de S. João Evangelista e de Santa Maria Madalena, revestidas com delicados panejamentos e de uma primorosa plasticidade das faces e mãos, numa atitude levemente inclinada e compadecida.
O grupo escultórico encontra-se envolvido por um retábulo de pedraria finamente lavrada, com medalhões esculpidos nos vãos, um com busto de mulher e outro com busto de homem, e vários motivos renascença nos frisos e pilastras. Sobre o entalhamento existe um baixo-relevo, a Assunção da Virgem, enquadrado por um nicho de frontão triangular, entre meias colunas estriadas, e no vértice surge a figura do Padre Eterno apontando os espaços infinitos.
BOTELHO, Joaquim Silveira, Óbidos : Vila Museu, Câmara Municipal de Óbidos, 1985.
CÂMARA, Teresa Bettencourt da, Óbidos : arquitectura e urbanismo (séculos XVI e XVII), Estudos Gerais, Série Universitária, Óbidos, Câmara Municipal de Óbidos / INCM, 1990.
LOPES, Flávio (coord.), Património Classificado - Arquitectónico e Arqueológico - inventário, vol. II, Lisboa, IPPAR, 1993.