Edificação comemorativa da tomada de Óbidos aos mouros, mandada erigir por D. Afonso Henriques, localizada extramuros, perto do aqueduto e no entroncamento do caminho que conduz às Quintas da Pegada e do Jardim, que com um desvio da Estrada Nacional, limita para além das muralhas o espaço onde se desenvolve a vila.
O actual cruzeiro, que já não é o primitivo, data do início do século XVI. O grupo escultórico consiste numa cruz, que apresenta elementos decorativos característicos do manuelino, pois os seus braços terminam em flor-de-liz, a peanha que a suporta apresenta decoração vegetalista e a ambivalência da cruz permite numa das faces apresentar Cristo Crucificado e na outra Nossa Senhora da Piedade, que revelam um delicado naturalismo. De salientar, ainda, a existência duma inscrição gótica, muito sumida, na base da cruz, a qual foi decifrada pelo Beneficiado Silveira Malhão e que diz:

O cruzeiro encontra-se protegido por uma pequena construção de planta quandrangular assente em base de pedra caracterizada por paredes robustas de alvenaria, definidas por cunhais de cantaria, apresentando aberturas a toda a volta, nomeadamente uma porta a ocidente, uma porta-janela do lado oposto e duas janelas nos restantes lados. Todas estas aberturas apresentam lados chanfrados e são protegidas, actualmente, por grades de ferro. A cobertura desta pequena capela assume a forma de pirâmide oitavada, de arestas ligeiramente curvas e duplo arco ogival no interior.

CÂMARA, Teresa Bettencourt da, Óbidos : arquitectura e urbanismo (séculos XVI e XVII), Estudos Gerais, Série Universitária, Óbidos, Câmara Municipal de Óbidos / INCM, 1990.