"É de Cultura como instrumento para a felicidade, como arma para o civismo, como via para o entendimento dos povos que vos quero falar"

Património Material

Quinta do Senhor da Serra, Quinta do Marquês, Paço Real de Belas

Distrito: Lisboa
Concelho: Sintra

Tipo de Património
Património Material
Classificação
Imóvel de Interesse Público
Proteção Jurídica
Decreto N.º 32973 de 18-8-1943
Identificação Patrimonial
Conjunto
Época(s) Dominante(s)
Medieval, Moderno
Tipologia original
Arquitectura Doméstica - Quinta
Valor patrimonial
Valor histórico, Valor artistico, Valor memorial, Valor social
Estilo(s)
Gótico, Renascimento, Barroco
Áreas Artísticas
Arquitectura Civil, Escultura, Azulejaria
Descrição

Imóvel de Interesse Público cuja classificação inclui o palácio, a capela abobadada, obelisco setecentista, Capela do Senhor da Serra e duas fontes, na sua maioria monumentos em estado de ruina. O palácio, em avançado estado de degradação, conserva ainda alguns vestígios da construção medieval que, nos seus tempos áureos, foi palco dos grandiosos festejos comemorativos do casamento de Violante Lopes Pacheco, poetisa e dama da corte. Passaram as terras para a posse da coroa por ter estado Diogo Lopes Pacheco envolvido no assassinato de D. Inês de Castro. D. Pedro nas suas idas a Belas, aí manda construir uma torre e mais alguns edificios anexos. Pacheco verá de novo a propriedade ser-lhe restituida no reinado de D. Fernando e de novo confiscada sob acusação de alta traição contra D. João I, datando deste periodo a sala de abóbada em fecho de cruzaria de ogivas não alinhadas com o arco frechal. Após passagem pelas mãos de Gonçalo Peres, conselheiro do primeiro rei da dinastia de Avis, e sua viuva Maria Anes, passa a pertencer aos Infantes sendo doada em 1424 a D. João. Sua filha D. Brites, ao herdar Belas, manda erguer uma capela, que se encontra actualmente em ruinas. Ao falecer, em 1505, deixa a propriedade como doação a D. Rodrigo Afonso de Atouguia, fidalgo da casa de seu marido e com ele se inicia uma nova etapa edificativa centrando-se as atenções no pátio de grandes proporções fechado por três muros percorridos no topo por caminhos de ronda e que conserva a arcaria gótica original. O muro da fachada é encimado por balaustrada vasada em aberturas circulares de duas dimensões padrão. Num dos angulos evidencia-se um cubelo renascentista, de aberturas geminadas e cupula em gomos, onde se encontra o brasão da casa dos Atouguia. Engrandecendo a história da quinta com a sua passagem, esteve o rei D. Filipe II em 1619. No tempo de D. Pedro de Castelo Branco, Conde de Pombeiro, seu proprietário em meados do século XVIII, levam-se a cabo remodelações no palácio datando tambem deste periodo o baixo-relevo que, sobre o tanque, se encontra hoje quase destruido. Mais presenças ilustres se sucedem na quinta: D. Maria Ana d'Austria, Infante D. Manuel, irmão de D. João V. A construção da ermida barroca do Senhor da Serra deve-se provavelmente a D. Luis de Castelo Branco, da qual se conserva o altar de mármore sustentando a imagem de cristo na cruz, em mármore, normalmente atribuido à escola de Machado Castro. Dos azulejos setecentistas que cobriam as paredes, o que se conserva em melhores condições representa A Ultima Ceia, sendo atribuido por Santos Simões a uma fabrica da capital. Após o terramoto, e já em 1770, os jardins vão ser reformulados recebendo uma obra escultórica de vulto, entretanto transferida para Queluz: o Neptuno atribuido a Bernini. O expoente máximo da vida na quinta atinge-se com D. Maria Rita de Castelo Branco e seu marido D. José Luis de Vasconcelos e Sousa, casal erudito que à sua volta reuniram gente ilustre, tornando-se, por isso, o local um importante centro de cultura. Beckford testemunha as elegantes festas dadas dizendo que " a casa, bem como os jardins, cobertos de flores, escondem-se no meio da mata com grandes árvores, laranjais e imensas murtas. Pelas moitas havia orquestras e os brilhantes pavilhões todos iluminados no meio da escuridão da espessa folhagem eram como edifícios feéricos "( Anna de Stoop, " Quintas e Palácios nos arredores de Lisboa"). Nos jardins hoje abandonados vive ainda a memória da visita de D. João VI e D. Carlota Joaquina, efectuada em 1795, no obelisco de José Joaquim de Barros Laborão. Como monumento decorativo que é, apresenta uma longa descrição dando conta do evento, um medalhão com a efígie dos príncipes e suas iniciais, bem como as das infantas, mas do conjunto é a imagem alegórica da Fama alada que se evidencia,a par com a altura da grande piramide monolítica. Actualmente em abandono a quinta mantem activa sómente a eremida que, no ultimo domingo de Agosto, recebe os peregrinos, tendo estes vindo a tornar as comemorações cada vez mais profanas.

Estado de Conservação
Morada
Rossio de Belas, Belas
2710
SINTRA
Bibliografia
LOPES, Flávio (coord.), Património Classificado - Arquitectónico e Arqueológico - inventário, vol. II, Lisboa, IPPAR, 1993.
Data de atualização
19/01/2009
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