Património Material
Quinta da Piedade
A Quinta da Piedade, também chamada Solar de Nossa Senhora da Piedade, é uma casa rural madeirense com capela, sendo a casa composta por dois corpos rectangulares justapostos, aos quais se junta o edifício da capela. A pintura do conjunto (casa e capela) é rosa-forte, e este é coberto por telhados de quatro águas com telha mourisca. A casa divide-se em três andares: o rés-do-chão onde se localizam as lojas, que serviam como armazéns de pipas de vinho, de produtos e alfaias agrícolas; o primeiro andar, por onde se faz a entrada da casa, e no qual existe um hall de entrada, uma sala, um quarto de dormir, uma sala de jantar, casas de banho e a cozinha; e o segundo andar ou dormitório da casa, composto por quatro quartos. Ao redor da construção, no interior do espaço da quinta, o chão é calcetado com empedrado de calhau (pedra) rolado. À frente da entrada para a casa e junto à escadaria que leva, pelo exterior, do rés-do-chão ao primeiro andar, existe um pequeno jardim. A ligação entre a casa e a Capela de Nossa Senhora da Piedade, que está anexa, é feita pelo coro.
A Quinta da Piedade, ou Solar de Nossa Senhora da Piedade, no Jardim do Mar, é propriedade dos Herdeiros de Francisco João de Vasconcelos do Couto Cardoso, filho do último Morgado do Jardim do Mar, Luiz de Vasconcellos do Couto Cardoso Beliago Esmeraldo Bettencourt e Silva. O morgadio do Jardim do Mar, foi instituido no séc. XVI. A criação deste, deve-se a um dos filhos de Joanes de Couto Cardozo. Joanes de Couto Cardozo, deslocou-se para a Madeira, acompanhando a sua prima D. Joana Valente, que ia casar com Simão Gonçalves da Câmara, 3º Capitão Donatário, durante o reinado de D. Manuel I.
Outro dos descentendes do primeiro Morgado do Jardim do Mar, foi Francisco Álvares Homem, o «Pirata do Jardim», que vivia no Jardim do Mar, atacando os barcos holandeses que vinham do Brasil, aumentando assim a sua fortuna. Foi-lhe, então, concedida carta de corso por D. João IV, que em troca lhe pede para fazer a protecção e vigilância dos barcos da rota do Brasil, até 100 léguas a sul da Ponta do Jardim. A sua herança do morgadio, é-lhe retirada pela mãe, que a passa para sua irmã D. Beatriz Homem d'El Rey. O morgadio do Jardim do Mar, foi sendo sempre mantido na mesma familia desde a sua constituição.
Associado ao nome da freguesia do Jardim do Mar, também está, o título de Barão do Jardim do Mar, atribuído a Tristão Vaz Teixeira de Bettencourt e Câmara, casado com D. Sara de Vasconcellos, irmã do último Morgado do Jardim do Mar, Luiz de Vasconcellos do Couto Cardoso Beliago Esmeraldo Bettencourt e Silva.
SILVA, Fernando Augusto da, MENESES, Carlos Azevedo de, "Jardim do Mar (Freguesia do)", in Elucidário Madeirense, Funchal, Secretária Regional da Educação e Cultura, 1978.
COUTO CARDOSO, Francisco João de Vasconcelos do, Os Morgados do Jardim do Mar, Funchal, edição do autor, 1969.