Património Material
Palácio dos Marqueses de Fronteira
A construção do Palácio dos Marqueses de Fronteira iniciou-se seguramente antes de 1669, pois a sua inauguração deu-se em 1671 ou 1672. O seu fundador foi D. João de Mascarenhas, 1º Marquês da Fronteira.
O conjunto do Palácio e dos jardins estão classificados como Monumento Nacional desde 1982 por ser um exemplar de grande originalidade e elevado valor artístico, destacando-se o trabalho em azulejaria.
Desconhece-se o autor do projeto do palácio, porém sabe-se que se baseou no modelo de "villa" italiana, acrescentado de azulejos que lhe conferem um caráter nacional.
O acesso ao palácio faz-se por um magnífico pátio, cuja composição paisagística cria formas geométricas e labirínticas, ornamentado com estátuas e fontes. A fachada principal tem um desenho pouco vulgar: apresenta dois andares de tripla arcada com colunas geminadas, sendo o rés do chão decorado a azulejos policromos.
O interior do palácio tem um átrio com enorme escadaria que dá acesso aos luxuosos aposentos ricamente decorados com obras de arte. Possui ainda uma excelente biblioteca com cerca de 5.000 volumes sendo muitos deles edições raras. Os salões foram decorados ao longo dos tempos, não apresentando por isso um estilo uniforme. De todos os salões o mais famoso é a "Sala das Batalhas" revestida por painéis de azulejo onde se descrevem as guerras da Restauração. A escolha do tema relaciona-se com a família, uma vez que D. João de Mascarenhas participou nelas com especial empenho, designadamente nas batalhas do Ameixial e de Montes Claros. As cenas são descritas com um desenho extremamente vivo e utilizando a técnica em voga na altura (por volta de 1670), ou seja, executado com um traço em roxo de manganês e completando a pintura com azul-cobalto, utilizando-se o verde-cobre para os pormenores.
A sala imediatamente ao lado é conhecida por "Sala dos Painéis" por conter pinturas em painéis de azulejo importadas da Holanda. Estes são os primeiros azulejos que foram encomendados a um país nórdico. As cenas são pintadas com realismo, utilizando um tom azul-claro e fazendo jogos de luz e sombra, centrando-se a sua temática na mitologia, em cenas de caça ou ainda em cenas campestres.
O terraço é recortado por grandes nichos onde os painéis de azulejo representam a Memória, a Astronomia, a Geometria, a Retórica, a Dialética, a Música e a Aritemética. Estes painéis alternam com bustos de imperadores romanos e grandes estátuas de divindades mitológicas. Os bancos e alegretes são igualmente decorados a azulejos abarcando cenas campestres, anjinhos e figuras burlescas. No fundo do terraço está a Capela de Nossa Senhora dos Desamparados, cujo interior é ricamente decorado a azulejos, madeiras e mármores. Os desenhos representam atlantes, cariátides e grotescos. Segundo a tradição S. Francisco Xavier celebrou aí a sua última missa antes de embarcar para a Índia em 1541.
É pelo terraço que se tem acesso aos "jardins à francesa" com repuxos, fontes e estátuas de figuras mitológicas. Acrescenta-se à beleza destes jardins os muretes revestidos de azulejos azuis e brancos onde os temas da pintura flamenga se misturam com os da pintura portuguesa: dois destes temas são os doze meses do ano e os signos do zodíaco.
No entanto os elementos mais extraordinários nestes jardins são a Galeria dos Reis e um grande tanque (de 50m por 19m) que reflete influência árabe. Por baixo da Galeria dos Reis estão uns dos mais belos painéis de azulejo do séc. XVII, cada um representando cavaleiros das guerras da Restauração. Esta série de 14 painéis está ladeada por uma decoração em cerâmica com motivos frutícolas. Na Galeria dos Reis sucedem-se 15 bustos de soberanos esculpidos em pedra, que foram colocados em pequenos nichos decorados a azulejos em relevo com reflexos metálicos, raríssimos em Portugal. Da galeria tem-se vista para os jardins com fileiras de arbustos e para um outro tanque, este de forma irregular arredondada, criando um desenho complexo de arabescos. O perímetro do tanque é revestido de azulejos policromos representando cenas satíricas. Junto, ergue-se a Casa do Fresco, a mais bela gruta de embrechados de Portugal, ornamentada com fragmentos de porcelana chinesa da última época Ming (fins do séc. XVII) e azulejos policromos. Este género de gruta revela uma influência segura da tradição italiana.
Horário
outubro-maio > segunda a sábado: visitas guiadas às 11h00 e às 12h00
junho-setembro > segunda a sábado - visitas guiadas às 10h30, 11h00, 11h30 e 12h00
encerra aos domingos e feriados
Transportes
Autocarro: 770
STOOP, Anne de, Quintas e Palácios nos arredores de Lisboa, Livraria Civilização Editora, Barcelos, Setembro, 1986.