Património Material
Mosteiro de S. José (Convento Novo)
Esta foi a última casa religiosa a ser fundada em Évora, do título de S. José e da regra dos carmelitas descalços de Santa Teresa de Jesus, em 1674, graças à fé das nobres damas eborenses D. Feliciana e D. Eugénia da Silva. Estas damas viviam num solar apalaçado, no Largo da Porta de Avis, tendo aí instalado, em clausura e sob protecção do arcebispo D. Fr. Domingos de Gusmão em 1681, um grupo de mulheres virtuosas consagradas ao serviço de Deus e da austera ordem de Santa Teresa de Jesus.
Outros benfeitores contribuíram para a adaptação do edifício aos fins monásticos: D. Luisa, filha natural do rei D. Pedro II e duquesa de Cadaval, o arcebispo D. Frei Luís da Silva e o cónego doutoral António Rosado Bravo. Este último repousa, como padroeiro da igreja, na capela-mor, num sarcófago em mármore, de 1733.
No edifício, extinto em 1886, encontra-se instalada a Casa Pia de Évora (secção feminina), actualmente dirigida por irmãs salesianas.
O amplo conjunto conventual, edificado durante o reinado de D. João V, entre 1721 e 1730, encontra-se assente num adro de escadaria granítica e está disposto em pavilhões irregulares, de grossa alvenaria, com poucas aberturas e telhados de quatro águas, salientando-se a portaria e a fachada da igreja. A entrada no templo faz-se por dois portais em granito, datados de 1721-30, com interessantes ornatos barrocos, edículas e cartelas de volutas com enrolamento, igualmente em pedra regional.
A igreja constitui um exemplar curioso de transição barroco-rococó, de nave única revestida por silhares de azulejos historiados, sobre a Vida de S. José, com cúpula pintada ao gosto de embrechados, altares cruzeiros e presbitério com retábulo monumental, em talha dourada. Neste é evidente a exuberância do artista eborense João Luís de Botelho, tendo sido finalizado no final do séc. XVIII. Também são da autoria deste artista as guarnições de talha dourada da nave, em estilo rococó.
Salientam-se, igualmente, algumas esculturas estofadas de boa qualidade: Santa Ana e S. Joaquim, S. José, Santa Teresa de Ávila e Nossa Senhora do Carmo; assim como painéis de pintura que representam os Doutores da Igreja.
Igualmente digno de nota é o claustro, dos séculos XVII e XVIII, de arcaria de volta inteira, com frontais cerâmicos, emblemáticos, e uma pequena capela alta, com oratório de portas pintadas e revestimento azulejar de temática mariana e excelente técnica lisbonense.
Entre Janeiro de 1694 e Maio de 1702, o arcebispo protector D. Fr. Luís da Silva custeou a construção dos novos dormitórios das religiosas, obra dirigida pelo mestre pedreiro Francisco Afonso e pelos carpinteiros Afonso Ferreira, Domingos Fernandes e Domingos Martins.
Em 1886, o mosteiro foi extinto.
ESPANCA, Túlio, Évora - Encontro com a Cidade, Câmara Municipal de Évora, Évora, 1988.