Património Material
Igreja Matriz de Santo Antão do Tojal
A primeira referência que se tem de Santo Antão do Tojal data de 1291, quando o arcebispo D. Fernando de Vasconcelos e Meneses compra a quinta a Pero Viegas, reconstruindo a igreja e construindo um palácio com jardins para a sua residência de Verão.
Na traça medieval a igreja era composta por três naves, com colunas a separá-la.
No séc. XVI a igreja já se encontrava em ruínas, sendo reedificada em 1554, pelo arcebispo D. Fernando de Meneses Coutinho de Vasconcelos.
Já no séc. XVIII, em 1730/31, D. Tomás de Almeida manda reconstruir a igreja ao arquitecto italiano António Canevari que constroi uma nova fachada de inspiração barroca, e amplia a igreja, enriquecendo-a.
A igreja apresenta planta longitudinal, nave única, com capela-mor rectangular, adossando-se ao lado esquerdo a torre sineira que está recuada em relação à fachada. A cobertura do telhado é de duas águas. O embasamento é feito em cantaria.
A fachada reestruturada tem frontespício em toda a largura da igreja que termina num frontão triangular com óculo oval no tímpano, iluminando o coro no interior da igreja. As pilastras formam três corpos, tendo as laterais um nicho e uma janela cada uma delas. Cada nicho tem uma bonita imagem em mármore de Carrara, feitas propositadamente na Itália. No nicho da esquerda encontra-se a imagem da rainha Santa Isabel, muito venerada na região saloia. No nicho da direita está S. Bruno, santo devoto do primeiro patriarca de Lisboa. A pilastra central é composta por um portal de arco pequeno com moldura recortada sobrepujada por um nicho com a imagem de Nossa Senhora da Conceição ladeada de decoração vegetalista e com uma inscrição na parte superior:
(Tradução livre: Na concepção, virgo imaculada foste. Ora por nós patria, cujos filhos concebestes).
No interior, forrado a azulejo e mármores, o patriarca D. Tomás de Almeida mandou retirar as sepulturas do pavimento. Nos tectos de talha dourada podem ver-se pintadas as armas patriarcais. Aparece pela primeira vez nesta igreja o púlpito, lugar de retórica importante para cativar a atenção dos crentes. Podem ainda ver-se uma porta que se abre para a sacristia, e o coro-alto triunfal, com enquadramento de cantaria ladeada com duas peanhas suportando imagens; a capela-mor com lambril de azulejos mostra um nicho com Cristo na Cruz e possui abóbada de berço.
O patriarca reforçou a vida paroquial criando uma colegiada com 18 pessoas: 9 sacerdotes, incluindo o pároco; 2 beneficiados; 7 empregados (sacristãos, músicos, sineiros, etc.).
Em 1795 é colocado o sino mais pequeno, feito em Lisboa por D. José Domingos da Costa.
Sabe-se que depois de 1910 houve um incêndio que destruiu o recheio da igreja.
Com a doação do Palácio da Mitra à Casa do Gaiato, em 1947, é fechada a passagem que existia entre o palácio e a igreja.
A classificação deste monumento, integra-se no conjunto formado pelo Palácio da Mitra e outros anexos (Aqueduto, Chafariz Monumental, Pombal decorado com azulejos, e Portão de entrada da quinta do Palácio).
SEQUEIRA, Clara, O Barroco em Santo Antão do Tojal, Junta de Freguesia de Santo Antão do Tojal, 1997.