Património Material
Convento das Trinas de Mocambo
Em 1657, Cornélio Vandali e sua esposa Marta de Boz fundaram o convento para as religiosas Descalças da Santíssima Trindade, sob a invocação de Nossa Senhora da Soledade. As dificuldades na obtenção de autorização para a sua fundação repercutiram-se na construção do edifício, a qual se prolongou pelo séc. XVIII. O terramoto de 1755 tornou a casa inabitável, as religiosas regressariam só após dois anos. Com a extinção das Ordens Religiosas em 1834, o edifício passou a ser utilizado para outros fins. Inicialmente como abrigo para pessoas carenciadas; em 1912, instalou-se aí o Arquivo de Identificação e por último , em 1969, o Instituto Hidrográfico, o que se mantém actualmente. Na década de 40 o edifício beneficiou de obras de conservação e restauro sob a alçada da Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais; nos anos sessenta, quando da sua ocupação pelo Instituto Hidrográfico, beneficiou de novas obras de restauro.
O edifício da Rua das Trinas, tem planta irregular, formada por três corpos adossados; possui uma horizontalidade acentuada, acompanhando os seus vários pisos a inclinação do terreno. As fachadas são pautadas pela simplicidade de sucessivos vãos de janela, sendo estas de peito simples de vão rectangular, emolduradas a cantaria; a uniformidade da fenestração é rasgada apenas pela sua diferente dimensão. No edifício destaca-se, a Norte, a porta do corpo da igreja com frontão interrompido onde se desenha um relevo representando Nossa Senhora da Piedade e a portaria do convento, a Sul, também rematada por frontão interrompido com cantarias trabalhadas. A portaria é decorada por silhares barrocos com azulejo azul e branco que revestem a roda da clausura e a porta de acesso ao vestíbulo interior. O acesso à igreja e ao coro era feito através de um vestíbulo interior, que dava também acesso a um claustro, centrado pela boca de uma cisterna. Os azulejos azuis e brancos do século XVIII definem todo o espaço interior; a actual biblioteca (antiga cozinha - refeitório), é o espaço por excelência onde se pode observar a valorização deste material na decoração conventual, encontrando-se as paredes e o tecto abobadado revestidos com azulejos azuis e brancos com motivos geométricos, flores e frutos.
LOPES, Flávio (coord.), Património Classificado - Arquitectónico e Arqueológico - inventário, vol. II, Lisboa, IPPAR, 1993.
SANTANA, Francisco e SUCENA, Eduardo (dir.), Dicionário da História de Lisboa, Lisboa, Carlos Quintas & Associados - Consultores, Lda., 1994.