Património Material
Colégio do Espírito Santo (Universidade de Évora)
Na grandiosa construção primitiva, onde se congregavam os colégios do Espírito Santo e da Purificação, o noviciado, reitorado, enfermarias, hospedaria, tipografia e oficinas, trabalharam alguns dos maiores arquitectos do séc. XVI: Afonso Álvares, Manuel Pires, Diogo de Torralva e Cristóvão de Torres. O Colégio do Espírito Santo foi confiado aos jesuítas para o ensino de latim e de grego.
A 15 de Abril de 1559, o Papa Paulo IV confirmou a conversão do Colégio em Universidade através da bula cum a nobis, graças aos esforços do Cardeal D. Henrique, arcebispo de Évora. A abertura solene das aulas ocorreu a 1 de Novembro de 1559, sendo o primeiro reitor o P. Leão Henriques, inauguração entre grandes festejos, com a cidade animada de manifestações religiosas, académicas, teatrais, desportivas, entre outras. O entusiasmo popular foi de tal forma que cerca de 7.000 pessoas assistiram, nos claustros e suas proximidades, à representação duma tragédia latina sobre a morte do rei Saúl.
A Universidade, regida pela Companhia de Jesus, passou a gozar de generosos privilégios e rendas, assim como dos mesmos direitos eclesiásticos e civis que as outras universidades europeias, tendo a faculdade de ensinar todas as matérias científicas, com excepção da Medicina e do Direito.
Em 1759, foi suprimida por alvará de D. José I, por ocasião da expulsão dos Jesuítas e, após um período de cerca de 200 anos, foi reestruturada em 1973, inicialmente como Instituto Universitário e, através do Decreto de 14-XII de 1979, como Universidade de Évora.
Bela construção em estilo Renascença, do seu amplo conjunto salientam-se os claustros, os quais ainda mantém as proporções originais, com destaque para o claustro renascença, de dois pisos, com harmoniosas galerias duplas, de ordem toscana. São, igualmente, dignos de nota a fachada barroca da Sala dos Actos, do séc. XVII, com figuras alegóricas e armorejadas, esculpidas em mármore da região, sendo no interior revestida por uma preciosa série azulejar historiada do séc. XVII, policroma, de brutescos; as salas de aula quinto-joaninas (1744-49), com as respectivas cátedras e azulejos historiados do séc. XVIII, com temas bíblicos, mitológicos e literário-poéticos, do Humanismo e das leis naturais; o claustrim dos irmãos e o refeitório (inaugurado em 1589, sendo uma sala bem proporcionada, dividida em naves por colunas dóricas de mármore branco, com cobertura em abóbada de arestas e com as paredes revestidas de azulejos de desenho geométrico); a capelinha de Nossa Senhora da Conceição (1641); a antiga biblioteca, de tecto de estuque em relevo colorido, com alusões à Deusa Minerva e às Belas-Artes e azulejos rococó (1708); e a torre lanterna do cruzeiro, valorizada pelas figuras símbolo-heráldicas esculpidas em terracota policroma (1729).
A classificação é extensiva ao portal renascença.
Aqui estudaram, no seu período áureo, personalidades importantes de grande projecção na Cultura Portuguesa: Luís de Molina, Sebastião Barradas, Baltazar Teles, Francisco da Fonseca e António Franco. Durante algum tempo, viveram aqui S. Francisco de Borja, o padre António Vieira e D. Afonso Mendes, Patriarca da Abissínia.
ESPANCA, Túlio, Évora - Encontro com a Cidade, Câmara Municipal de Évora, Évora, 1988.
LOPES, Flávio (coord.), Património Classificado - Arquitectónico e Arqueológico - inventário, vol. I, Lisboa, IPPAR, 1993.