Património Material
Castelo de Tomar
Situado sobre um cerro alto e escarpado na margem direita do rio Nabão, o castelo de Tomar foi fundado por D. Gualdim Pais, mestre dos Templários, em 1160, para defesa da vasta região então denominada Termo de Ceras, doada aos Cavaleiros do Templo por D. Afonso Henriques. Tomar tornou-se assim a sede da província portuguesa da Ordem do Templo, até à sua extinção em 1312 e, a partir de 1357, sede da Ordem de Cristo.
Com influências da mais avançada arquitectura militar da época, a partir da experiência adquirida pelos Templários na Terra Santa em construção de cidadelas fortificadas, o castelo integrou o sistema defensivo-ofensivo da Reconquista.
De acordo com esses preceitos de estratégia militar, o castelo desenvolveu-se em três recintos muralhados distintos que uma cintura de muralha envolvia, delimitando o seu perímetro exterior. Duas cortinas de muralha interiores atravessavam a grande cintura periférica, estruturando os três recintos do lugar acastelado, sendo que a maior dessas cortinas de muralhas ía das imediações da actual entrada para as "Capelas Incompletas" até junto da Torre de D. Catarina, e que hoje se encontra transformada no muro de suporte das terras que formam o terreiro do jardim. A segunda cortina interna de muralhas estendia-se desde a fachada Leste da Charola até à zona Sul da Alcáçova.
O núcleo primitivo, reduto dos Cavaleiros Templários, era constituído, pela Alcáçova, com a sua Torre de Menagem, onde se reutilizaram lápides romanas, e pela denominada Charola. Esta consistia num templo redondo que se tornou no núcleo irradiador do Convento de Cristo e que, pela sua localização e características construtivas (paredes duplas) era, no conjunto da cidadela, um local praticamente inexpugnável.
Entre a grande cortina muralhada interior e a cintura periférica, existia um vasto recinto com socalcos, conhecido hoje como Parque do Laranjal, onde se fixou a primeira povoação de Tomar, que tinha porta de ligação com as várzeas do Nabão, a que a tradição chama porta de Almedina. Por fim, entre a cidadela Templária e a primitiva povoação localiza-se o outro recinto, zona castreja constituída pelo adro do Castelo, e que é hoje o seu jardim.
A cintura de muralhas que circundava a primitiva vila, já referida, praticamente desapareceu quando o Infante D. Henrique, governador da Ordem de Cristo lançou o traçado urbano da nova povoação de Tomar e a Ordem comprou todas as casas intra-muros, altura em que a população abandonou definitivamente a zona muralhada. O Infante efectuou várias obras no recinto que constitui o núcleo primitivo do Castelo onde construiu os seus Paços, actualmente em ruínas, mas onde é possível observar algumas arcadas, entre outros vestigíos.
Janela Manuelina da Sala do Capítulo
GIL, Júlio e CABRITA, Augusto, Os mais belos Castelos de Portugal, Lisboa/S. Paulo, Editorial Verbo, 1986.
COELHO, Maria Eduarda Leal (coord.), Dar futuro ao passado, Lisboa, IPPAR, 1993.
LOPES, Flávio (coord.), Património Classificado - Arquitectónico e Arqueológico - inventário, vol. III, Lisboa, IPPAR, 1993.