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Património Material

Castelo de São Jorge e restos das cercas de Lisboa

Distrito: Lisboa
Concelho: Lisboa

Foto © Enric Vives-Rubio / Centro Nacional de Cultura
Tipo de Património
Património Material
Classificação
Monumento Nacional
Proteção Jurídica
Decreto de 16-6-1910; Boletins nº 25 e 26 da D.G.E.M.N.
Identificação Patrimonial
Conjunto
Época(s) Dominante(s)
Medieval
Proprietário/Instituições responsáveis
Câmara Municipal de Lisboa - EGEAC
Descrição
Os elementos sobre a construção do Castelo são escassos. Sabe-se, contudo, que a fortificação romana feita em 137 a.C. por Júnio Bruto assentava sobre um castro pré-existente. Nada se sabe desta fortificação durante o período visigodo, só voltando a haver informação no período mulçumano, com adaptação do castelo às conceções militares vigentes; são dessa altura as construções inscritas na designada Cerca Moura.

Com a conquista de Lisboa em 1147 por D. Afonso Henriques, vai decaindo a função defensiva do burgo medieval, tendo sofrido por isso alterações no reinado de D. João I que lhe reduziram o poder militar, e a quem se deve a designação de Castelo de São Jorge.

Importantes obras de restauro foram-lhe feitas em 1938, que lhe restituiram a traça primitiva mantendo o traçado para a ponte levadiça; mas a fim de melhorar o acesso dos visitantes foi aberta na barbacã uma passagem para a porta principal de dois arcos, fora da traça original.

Atualmente o castelo ocupa uma área de 6000m² e apresenta forma quadrangular; possui 10 torres e as muralhas mostram uma altura média de 10m e uma espessura que varia entre os 2,5m e os 5m consoante as zonas, tendo um adarve ou pequeno caminho de ronda e pequenos muretes (exceto nas muralhas junto à Torre do Observatório e na quadrela sul entre a Torre principal e o Vértice Sudoeste). Muito provavelmente estes adarves seriam coroados de ameias, sendo as torres e panos da muralha em cantaria calcária aparelhada.

As muralhas leste e sul, as mais suscetíveis de serem atacadas, tinham maior espessura e robustez e eram protegidas pela barbacã, que por sua vez, estava protegida por um fosso que possivelmente rodeava o perímetro do castelo.

As faces viradas a sul e a nascente assentam sobre terreno menos resistente e por isso são protegidas por uma alta barbacã que se apoia nas torres dos vértices de nordeste e de sudoeste e que apresenta estreitas seteiras e forte jorramento na metade inferior. Entre a barbacã e a muralha existe um fosso seco. O vértice nordeste é mal definido e substituído por um pano de quadrela, do qual sai um esporão que desce a encosta até à torre chamada de São Lourenço, encostada à Rua da Costa do Castelo. Um muro interior reto, apoiado num cubelo, liga as faces norte e sul do castelo, dividindo-o em duas praças de armas desiguais, com uma porta de comunicação. Na muralha norte abre-se a Porta da Traição protegida por um pano de muro exterior de primitiva construção romana e de pequenas dimensões. Segundo uma planta de 1650 existia uma outra porta que conduzia a um caminho subterrâneo. É provável que no interior das muralhas (que chegam a atingir 5m de espessura) existam escadarias, subterrâneos e esconderijos.

No canto noroeste situa-se a Torre da Cisterna, assim chamada porque depois de um acesso por porta ogival e por uma escadaria de oito degraus, encontra-se a boca de uma cisterna com armação de ferro. Sensivelmente ao centro da face norte situa-se outra torre, de eirado coberto de canudo, formando uma sala rasgada em cada uma das paredes por janelas ogivais e com duas portas de perfil em ogiva (a este e a oeste). É no percurso entre estas duas torres que se encontra a lendária porta de Martim Moniz. Daí em diante o muro inflete para sul, integrando ainda algumas torres, entre elas a de Santa Cruz, que sustenta o campanário da Igreja de Santa Cruz; depois o muro perde-se na massa de construções civis como o Palácio Belmonte, onde estão dissimuladas outras duas torres e termina na Rua do Chão da Freira, por um grande paredão de alvenaria do séc. XVII - por onde se tem acesso à Cidadela. Esta porta foi construída no séc. XIX (com mármores da capela do extinto Convento dos Loios), e substituiu a antiga porta de São Jorge que tinha uma situação ligeiramente diferente. Nela começa a Rua de Santa Cruz do Castelo, que outrora se chamava Rua Direita de Santa Cruz.

No vértice sudeste ergue-se a Torre do Observatório, pois crê-se que ali existiu o primeiro Observatório Astronómico de Lisboa, montado em 1779 pelo lente de matemática José Anastácio da Cunha. Em 1788 foi instituído o Observatório Geodésico, que se manteve praticamente até aos nossos dias. Medindo 112,29m sobre o nível do mar foi durante muito tempo o ponto mais alto da cidade.

A meio da face oriental das muralhas eleva-se uma torre de eirado descoberto e com seteiras em três das suas paredes, a cerca de 2 m do nível do adarve.

A Torre de Ulisses era chamada a Torre Albarrã e situa-se na muralha sul. Nos documentos antigos mostra que primitivamente estaria destacada da muralha. Tem 10m de face por 20m de altura sobre um primitivo nível terraplenado e era oca em dois terços da sua altura. Esta torre tem dois andares. O primeiro está à altura de 6m do solo e corresponde a uma sala com teto de abóbada de arcos de volta perfeita. A entrada desta sala é feita pela porta da face sul, subindo-se por uma escada exterior com dois lanços. No segundo andar está uma sala retangular que foi alvo dos restauros de 1939 que lhe revestiu o teto com travejamento de madeira, sendo iluminada por três seteiras. O acesso faz-se por uma porta relativamente baixa, localizada na vertente norte da torre, perto de um pequeno terraço no topo de uma escadaria que começa no muro do adarve. O antigo eirado desta torre foi substituído por um telhado de quatro águas de "canudo português", onde se erguem dois mastros para içar a bandeira nacional e a bandeira da cidade. Segundo investigações recentes esta seria a Torre de Menagem.

A torre do vértice sudoeste, onde se encontrava o Paço da Alcaçova, supõe-se que tenha sido depósito do tombo, por isso chamada Torre do Tombo. Serviu também de guarda do erário régio (ou chancelaria) dos primeiros monarcas; foi utilizada por D. Fernando como arquivo nacional e mais tarde, com D. João III foi-lhe agregada uma biblioteca.

Atravessando a Porta de São Jorge, percorre-se uma rampa que nos conduz à porta de acesso à Esplanada, um aprazível terreiro muralhado, de onde se tem uma panorâmica da cidade, em especial da Baixa Pombalina. A norte desta Esplanada situa-se a zona nobre do castelo, encontrando-se o já referido Paço da Alcáçova, onde nasceram reis e que até ao reinado de D. Manuel foi residência régia. Do que foi restaurado destaca-se a Sala Gótica (ou Sala Ogival), de duas naves separadas por uma fileira de arcos em ogiva com arestas em bisel assentes em colunas grossas e baixas, oitavadas, com capitéis apenas molduradas. Encostado à face sul desta sala, há um quadrilátero com colunas oitavadas e capitéis desprovidos de esculturas, que provavelmente foi um pátio ou átrio associado à Capela Real de São Miguel. A nascente da cabeceira da Capela, que também foi conhecida por Ermida de Santa Bárbara, encontra-se um espaço balizado por troços de colunas, que pela tradição oral e escrita foi o Largo de Santa Bárbara. A poente da Sala Gótica existem séries de arcarias de arco abatido, de tijoleira, provavelmente do séc. XVII parte das quais estão na atual Casa do Leão.

  • ATIVIDADES

O Castelo de S. Jorge é o local onde pode fruir do património, conhecer a história de Lisboa na Exposição Permanente, explorar os vestígios do Bairro Islâmico do século XI no Sítio Arqueológico, descobrir vistas inéditas na Câmara Escura, passear pelos jardins e miradouro, fazer uma pausa no Café do Castelo, participar em visitas guiadas e outras atividades ou, simplesmente, deixar-se encantar com a música, o teatro, a dança e as tertúlias sobre património que vão animando os dias neste Monumento Nacional.

Exposição Permanente
Coleção visitável constituída por um acervo de objetos encontrados na área arqueológica (Sítio Arqueológico), proporcionando a descoberta das múltiplas culturas e vivências que desde o século VII a.C. ao século XVIII foram contribuindo para a construção da Lisboa da atualidade, com particular destaque para o período islâmico do século XI-XII.

Sítio Arqueológico
Conjunto de vestígios arqueológicos que testemunham três períodos significativos da história de Lisboa: (1) as primeiras ocupações conhecidas que remontam ao século VII a.C.; (2) os vestígios da zona residencial de época islâmica, da época de construção do castelo, de meados do século XI; (3) as ruínas da última residência palaciana da antiga alcáçova, destruída pelo terramoto de Lisboa de 1755. 

Camera Obscura
A câmara escura, sistema ótico de lentes e espelhos, permite observar minuciosamente a cidade em tempo real, os seus monumentos e zonas mais emblemáticas, o rio e a azáfama própria de Lisboa, num olhar que percorre 360º.

Todos os dias
VISITAS ORIENTADAS [PT | EN | ES]

À descoberta do castelo
13h00 e 16h00 | Bilhete CSJ
Visita orientada ao castelejo, ao sítio arqueológico e à exposição permanente, descodificando os espaços e relacionando-os com as vivências de outrora.

Lisboa vista ao espelho
CÂMARA ESCURA
10h00 - 17h30 | Bilhete CSJ
Visita de descoberta da cidade de Lisboa através de um periscópio que permite examinar a cidade em tempo real, num olhar que percorre 360º. 

Modo de funcionamento

Informações úteis e bilheteira aqui

Morada
Porta S. Jorge: R. Chão da Feira; Porta St. André: Lg. Rodrigues de Freitas, 1100 Lisboa
Telefone
+351 21 880 06 20
Bibliografia

ALMEIDA, D. Fernando de (dir.), Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa, Vol V - Primeiro Tomo, Lisboa, Junta Distrital de Lisboa, 1973.

GUIA LARANJA, Lisboa e Costa de Lisboa, Convergência, Portugal, 1985.

LOPES, Flávio (coord.), Património Classificado - Arquitetónico e Arqueológico - inventário, vol. II, Lisboa, IPPAR, 1993.

SANTANA, Francisco e SUCENA, Eduardo (dir.), Dicionário da História de Lisboa, lisboa, Carlos Quintas & Associados - consultores, Lda., 1994.

Data de atualização
27/05/2024
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