Património Material
Calçada Artística Portuguesa de Faro
A calçada artística portuguesa abrange uma superfície com mais de 60.000 m2 nas ruas da cidade de Faro, sendo a baixa desta cidade considerada um dos maiores espaços pedonais do país, no que se refere a zonas urbanas.
A primeira grande área a ser calcetada em Faro é constituída por um passeio no qual, actualmente, se encontra o Jardim Manuel Bívar, frente à doca, datando a sua execução de 1895. No entanto, foi a partir do final da década de 60 que a calçada artística começou a desenvolver-se.
António Serrano Santos, o arquitecto da Câmara Municipal de Faro, desenha e projecta os espaços calcetados do concelho desde 1979, atraindo alguns dos mais conhecidos calceteiros de Setúbal (artistas de grande tradição), que realizaram uma extraordinária intervenção nas ruas de Santo António e de D. Francisco Gomes, hoje encerradas ao trânsito.
Actualmente, cerca de uma dezena de ruas estão decoradas com a calçada portuguesa, com pedras de vários tons, variando entre o branco, o cinzento e o preto, assim como, nalguns casos, o avermelhado e o amarelo-ocre. Este programa de embelezamento artístico completar-se-á com o encerramento ao trânsito da rua que circunda o Jardim Manuel Bívar, com posterior cobertura de calçada artística, ligando a zona da Pontinha à doca.
A calçada artística do Largo do Carmo corresponde a uma das maiores áreas deste tipo em Faro, com cerca de 8.000 m2. Este largo, calcetado em 1987, apresenta dois brasões de grandes dimensões: o da cidade, com a imagem de Nossa Senhora executada com pedras quase minúsculas, e o da Ordem do Carmo, no qual se destaca uma cruz e uma coroa de côr amarelo-dourada (invulgar). Existe uma grande perfeição nas letras dos brasões, pois cada uma é constituída por pedras talhadas de forma diferente, em escama, espiga, quadrado e hexágono. Dentro de cada estrela existe outra estrela e nesta ainda outra. Mesmo a imagem de Nossa Senhora, inserida num dos brasões, apresenta boca, nariz e olhos, elementos feitos com pedrinhas minúsculas e, por isso, difíceis de talhar.
As pedras utilizadas na calçada artística de Faro vieram, na sua grande maioria, das serras de Aires e Candeeiros, embora os calceteiros considerem haver boa pedra no Algarve, sobretudo cinzenta, de Bordeira, freguesia de Santa Bárbara de Nexe.
Os desenhos utilizados nos anos 60 são da autoria do arquitecto Ramires Fernandes e os mais recentes são criados pelo arquitecto Serrano Santos.