Património Material
Seminário Maior de São Paulo de Almada
O Seminário de S. Paulo está instalado num antigo convento, cuja data de construção remonta a 1562, tendo sido nele efectuadas alterações em 1890 e ampliações no séc. XX. O convento foi fundado por Frei Francisco Foreiro com o intuito de servir a Ordem dos dominicanos. Foi nele que ingressou Manuel Sousa Coutinho, depois conhecido por Frei Luís de Sousa.
Da antiga construção restam a igreja barroca, as alas do claustro, a sacristia e algumas divisões onde se efectuam as aulas do Seminário. Na fachada abre-se um portal com frontão, estando inscrita no tímpano uma cartela com o símbolo da Ordem de Santiago. A igreja é de uma só nave, sendo o tecto revestido de madeira e as paredes decoradas com azulejaria a azul e branco, do séc. XVIII. O altar-mor e os colaterais têm retábulos de talha barroca, igualmente do séc. XVIII. A sacristia é decorada por azulejos azuis e amarelos do séc. XVII, destacando-se o painel de azulejos, com motivos de inspiração oriental, do séc. XVII, colocado no altar onde se julga poderá ter estado a capela-mor original. O átrio apresenta num dos cantos uma pequena imagem em pedra, talvez do séc. XVI, representando S. Brás. De salientar, ainda, um quadro com a representação da Sagrada Família, mandado fazer por D. João V, onde, curiosamente, o rosto de uma das personagens foi substituído pelo do monarca com a sua coroa.
O terramoto de 1755 e o incêndio que se seguiu provocaram grande destruição no conjunto religioso, mantendo-se em ruína até finais do séc. XIX. Em 1837, o convento e a respectiva quinta, foram postos à venda em hasta pública, tendo sido adquiridos pela família Paliarte. Em 1889, passou a ter novo proprietário, de nome Ferraz, para em 1933, regressar à Igreja Católica, que nele efectuou as obras necessárias para ali funcionar o Seminário.
Recentemente, foram efectuadas escavações arqueológicas que deram a conhecer grutas artificiais que serviam como necrópole do III ao II Milénio.
Após o terramoto de 1755, ficou o Seminário de S. Paulo praticamente destruído (não terão sido atingidos pelo cataclismo a sacristia da antiga capela e a torre). Manteve-se em estado de ruína até finais do séc. XIX, altura em que, através de despesas suportadas pelo Estado, foram efectuadas obras de recuperação sob a direcção de Liberato Teles de Castro e Silva.
Um proprietário particular, em 1890, efectuou alterações, sendo realizadas, em 1933, adaptações e modificações, a expensas da Igreja Católica, para que o Seminário funcionasse.
Recentemente, o Centro Arqueológico de Almada procedeu a escavações na área em frente da entrada principal do Seminário, dando como resultado a descoberta de grutas artificiais que foram utilizadas como necrópole, entre o período do III ao II milénio.
Em 1988, sob a direcção do Museu Municipal, efectuaram-se obras no adro da igreja, que deram a conhecer cerâmicas, azulejos e cantaria dos séc. XVII e XVIII, e ainda, uma sepultura comum.
SOUSA, R. H. Pereira de, Almada toponímia e história das freguesias urbanas, Câmara Municipal de Almada, 1985.