Património Material
Quinta do Vinagre
Habitação rural de cariz aristocrático perfeitamente integrado na paisagem natural, localizada que está junto a um ribeiro e dele tira partido. O morgadio e o solar de vinagre foram fundados por D. Fernando Coutinho, Bispo de Lamego e de Silves, filho do Camareiro- mor do rei D. João II, que à sua morte em 1538, deixa a propriedade a D. Isabel da Silva. A lápide aposta ao portão da quinta, e que muito tem interessado os estudiosos na sua descodificação, é já de D. Fernando da Silva, filho de D. Isabel que nela refere, seguindo a tradução do latim feita por Victor Serrão, que " aqui me seja mais leve este exílio (mas) para os amigos, até fechada, a porta será aberta" ( Victor Serrão, " Sintra"). Desde a dissolução do morgadio por D. Rui da Silva, herdeiro de D. Fernando, a quinta foi passando por diferentes mãos até ser adquirida em 1963 por Schlumberger, seu actual proprietário. A residência de planta em L, mantem da construção original o pátio envolvido por galerias rústicas de pedra sustentada por pilares quadrangulares. Destaca-se igualmente a varanda que corre ao longo da fachada principal e que apresenta um piso de azulejos. A casa é aumentada e transformada no século XVIII onde se torna evidente a preocupação de uma maior integração na natureza, desaparecendo por completo as alusões a uma função defensiva. Não contígua à habitação situa-se, junto ao portal de entrada, a capela familiar revestida a azulejo, de finais de setecentos, onde se invoca a virgem. O retábulo de talha dourada que aí se encontra não apresenta a exuberância rococó que caracterizava os estuques, entretanto destruidos num incêndio, que se situavam nas salas do solar. No centro do retábulo destaca-se a imagem da Pieta encimada pelo Sagrado Coração. Como sucede em todas as quintas sintrenses, há uma preocupação direcionada para o aproveitamento dos inúmeros canais de água que abundam na serra, daí a existência de tanques quer para rega, quer destinados a um puro deleite do olhar. Tal é o caso do que se situa num dos pátios, guardado por leões em pedra. Em 1965 o novo proprietário levou a cabo o restauro do edifício após a destruição provocada pelo referido incêndio, contando para isso com a colaboração dos arquitectos José Bastos e Pierre Barbe, bem como dos arquitectos paisagístas Morgens Tuede e Peter Coats, para os arranjos que procedeu nos jardins. Nestes dispersam-se exemplares únicos de escultura contemporânea da autoria, entre outros, de Henry Moore, Lipchitz e Berrocal. Destaca-se ainda um painel de azulejos executado por Nuno Siqueira colocado no pavilhão da piscina.