Património Material
Quinta Mazziotti
Em finais do século XVI pertenciam estas terras a António Roiz de Arouche, fidalgo espanhol, músico de câmara de Filipe III de Espanha, sob a designação de "Quinta da Urca" e "Quinta da Costa do Penedo", ambas vendidas pelo seu neto, em 1757, a Bento Dias Pereira Chaves, cavaleiro português da Ordem de Cristo que em muito aumenta a propriedade instituida em morgadio em 1772. Conhecida a partir do ano seguinte como "Quinta de José Dias", seu filho, altera o nome, quando a propriedade entra na família Mazziotti pelo casamento da sobrinha de José Dias com um membro daquela linhagem napolitana. O palácio revela, nas suas caracteristicas arquitectónicas, uma miscigenação evidente de tendências flamengas e italianas, sendo igualmente patente na estruturação dos jardins o gosto italianizante que regrou as preocupações de quem levou a cabo tão cuidada obra. De forma a retirar da irregularidade do terreno o máximo proveito, as áreas verdes organizam-se em plataformas horizontais, muitas vezes cruzadas por canais de água que chegam mesmo a cair sob a forma de cascata num grande tanque que, nos seus tempos aureos, era agitado por um enorme repuxo que emergia ao centro. Paralelamente a esta zona de prazer contemplativo a propriedade possui, dentro dos seus limites, uma área de vegetação frondosa desenvolvendo-se em estrita obediência às leis da natureza. Não ficaria completa a referência à Quinta Mazziotti sem mencionar as duas pontes em arco que sobrepassam a estrada que conducente a Colares. Construidas com o intuito de estabelecerem a ligação entre a zona residêncial e a área agricola, onde a exploração da vinha detinha o principal papel, adquirem um acentuado carácter pitoresco assumindo-se como mirantes fronteiros ao Penedo. Ainda no palácio Mazziotti, que mais tarde veio a pertencer ao cientista português Carlos França, é necessário salientar a existência da Capela de Nossa Senhora do Carmo cujas paredes e tectos se encontram revestidos por pinturas barrocas a fresco imitando talha cinzenta e dourada, ramos de flores e figuras de santos. Nas paredes evidencia-se o rodapé com azulejos de motivos pombalinos. Na sala alta do palácio destacam-se igualmente os dezoito paineis azulejares, datados de 1760-1770, com motivos venatórios.