Património Material
Quinta da Madre de Deus
Da sua história pouco se sabe, e a unica certeza relacionada com as suas origens reside na existência, já no século XVI, de um pavilhão de caça pertencente aos Condes Redondo. A construção setecentista hoje visível, apresenta uma planta rectangular de traça sóbria, cuja marca de maior erudição é a capela de 1793, de paredes revestidas a azulejo com a representação de passos da vida da Virgem Maria. A fachada evidencia-se pelos efeitos decorativos ondulantes permitidos pelo recurso à alvenaria. É um jogo perfeitamente cenográfico que se estabelece entre os recortes produzidos pela cornija, pelos dois campanários e pela base na qual assenta a cruz, e o azul do céu que surge como gigantesca moldura enquadrando toda a composição. Sobre a porta pode ler-se que " Virgem Maria Madre de Deos e Senhora foi concebida sem pecado original ". Estrutura-se a capela numa só nave iluminada pelas três aberturas da fachada. O altar que hoje no seu interior se vê, não é a obra em madeira dourada que originalmente aí se encontrava, mas um outro com a representação da Virgem envolvida por querubins e santos. A preocupação em quebrar a rigidez arquitectónica que a zona residencial poderia adquirir revela-se desde o portal de entrada na quinta, encimado por um pequeno nicho oratório de cobertura em concha albergando uma imagem, e nas janelas que se rasgam para o pátio sobrepujadas por máscaras e outros motivos fitomórficos. O interior do edifício é marcado pela presença constante do azulejo revestindo não só parte das paredes como os bancos de pedra junto às janelas e a varanda que se estende ao longo da ala norte. Os que actualmente se encontram na sala de jantar da ala sul são provenientes da cozinha, local de grandes dimensões que possuia duas chaminés monumentais e uma mesa de mármore destinada ao preparo dos manjares.