Património Imaterial
Bordado de Castelo Branco inscrito no Inventário do Património Imaterial

O Bordado de Castelo Branco é um produto artesanal único, cuja imagem é facilmente identificável no conjunto dos bordados tradicionais portugueses. É um bordado rico, a fio de seda, onde predomina o chamado ponto de Castelo Branco (ponto largo ou, como antigamente era conhecido, bordado a frouxo, com os fios de seda pouco torcidos).
Apresenta uma gramática decorativa própria, segundo desenhos cuja matriz remonta a colchas portuguesas do século XVII e XVIII. Os temas mais comuns refletem a influência oriental e indiana, com motivos vegetalistas, a árvore da vida, os cravos, ou ainda aves e outros animais, figuras humanas, vasos e albarradas, entre outros.
Nas colchas históricas, o desenho subjacente era feito por debuxadores, à pena e com tinta ferrogálica. A partir de finais de século XIX os desenhos existentes em papel vegetal foram (e são ainda) passados a papel químico.
Apesar da sua antiguidade, o Bordado de Castelo Branco só se evidenciou em finais do século XIX, aquando da visita do rei D. Carlos e da rainha D. Amélia à cidade, por ocasião da inauguração da linha da Beira-Baixa.
A produção voltaria a ganhar destaque na primeira metade do século XX, através da publicação de uma série de artigos e da realização de exposições em que as colchas de Castelo Branco ocuparam lugar central.
É também nesta época que são fundadas escolas e oficinas para reprodução do saber-fazer: no início dos anos 50 surge a Oficina Casa-Mãe, fundada por Elísio José de Sousa, e após o seu fecho, na década de 1970, abre no Museu Francisco Tavares Proença Júnior a Oficina-Escola de Bordados Regionais, importante unidade de produção e de investigação.
Atualmente as bordadeiras profissionais distribuem-se pelo Centro de Interpretação do Bordado, pela Oficina do Museu Francisco Tavares Proença Júnior e por oficinas individuais. Em regra, a transmissão deste saber-fazer operava-se por via de mestras com grande experiência.
A transmissão intergeracional nos nossos dias ocorre sobretudo em cursos ministrados pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), a cargo de bordadeiras dotadas de Certificado de Competências Pedagógicas. Contudo, a generalidade reporta pouca procura, temendo pelo futuro desta arte.
Como estratégia de revitalização, as artesãs defendem o diálogo com designers que queiram dar uma nova face a esta produção. O Centro Interpretativo do Bordado de Castelo Branco, por exemplo, possui uma coleção de peças elaboradas por alunos de Design de Moda e Têxtil do Instituto Politécnico de Castelo Branco.
Ao inscrever o Bordado de Castelo Branco no INPCI, o Património Cultural, IP reconhece a importância desta manifestação e respetivo saber-fazer enquanto prática identitária da comunidade albicastrense.
Pretende-se promover a proteção legal através de medidas de salvaguarda que enquadrem a viabilidade futura deste saber-fazer, contornando ameaças como o reduzido número de bordadeiras, que põe em risco a continuidade da transmissão intergeracional.