Património Material
Paços do Concelho de Lisboa
O edifício dos Paços do Concelho, para além do seu valor arquitetónico e artístico, reflete a imagem de Lisboa e de Portugal Liberal, Regenerador e Republicano.
Importantes acontecimentos da nossa história, como a Proclamação da República em 5 de Outubro de 1910, ficaram profundamente associados a este edifício.
Após o terramoto de 1755, durante a reconstrução pombalina foi construído o edifício dos Paços do Concelho no atual local onde se encontra, projeto de arquitetura este assinado pelo arquiteto Eugénio dos Santos Carvalho, que ficou completamente destruído devido a um incêndio a 19 de novembro de 1863.
Foi construído um novo edifício no mesmo local, entre 1865 e 1880, cuja obra decorreu com base num projeto arquitetónico da responsabilidade do então arquiteto camarário Domingues Parente da Silva, tendo o desenho do remate da fachada modificado por decisão do Engenheiro Ressano Garcia, responsável pelos Serviços Técnicos da Câmara, dando origem ao grande frontão clássico com decoração escultórica da autoria do escultor francês Anatole Calmels.
No interior destaca-se a intervenção do arquiteto José Luís Monteiro, sobretudo na escadaria central, bem como a rica decoração pictórica a cargo de vários artistas, dos quais se salientam José Pereira Júnior (Pereira Cão), Columbano e Malhoa, revelando deste modo todo o edifício um conjunto destacado de intervenientes, tanto a nível arquitetónico e construtivo, como decorativo, apresentando uma estética e inovação de grande qualidade.
A 7 de novembro de 1996 um novo incêndio destruiu os pisos superiores, ficando afetados os tetos e pinturas do primeiro andar. Depois de avaliado o impacto do incêndio, foram tomadas opções quanto ao Plano Geral de Intervenção para a Recuperação do Edifício dos Paços do Concelho, conduzido pelo arquiteto Silva Dias.
Num principio de fidelidade à tradição Histórica e Arquitetónica, no qual de optou por aproximar ao projeto inicial do Arquiteto Domingos Parente - retomando desta forma as raízes essenciais do projeto de arquitetura original do final do século passado e que vinha a ser abastardado por construções mais tardias nas décadas 30/40.
Dois objetivos fundamentais pautaram esse plano, por um lado, restaurar as áreas nobres de reconhecido valor Histórico e Artístico e por outro, doar aos pisos já anteriormente vocacionados para o desempenho institucional, um perfil funcional e personalizado conciliando o acesso e a utilização de parte desses espaços pelo munícipe, numa relação de aproximação da Cidade, através deste seu edifício emblemático, ao seu Cidadão.
Desafiando a criatividade de alguns dos mais notáveis arquitetos e artistas de Lisboa, fazendo do edifício dos Paços do Concelho um exemplo de diálogo entre o Património Histórico e Arquitetónico e a criação artística arquitetónica contemporânea, foram convidados os arquitetos João de Almeida, Manuel Tainha, Nuno Teotónio Pereira, professor Daciano Costa e os artistas Sá Nogueira, Fernando Conduto, Maria Velez, Helena Almeida, Pedro Calapez, Jorge Martins, tendo também sido alguns artistas plásticos convidados a intervir ao nível do exterior, ficando Eduardo Nery a cargo do arranjo de superfície da praça e Jorge Vieira para as esculturas.