Património Material
Santuário de Nossa Senhora da Urtiga ou Ortiga
O Santuário de Nossa Senhora da Ortiga é um Santuário mariano localizado no lugar da Ortiga (freguesia de Fátima, município de Ourem). Enquadra-se na envolvente da Serra de Aire, em território marcado pela ruralidade da paisagem mediterrânica do Cabeço da Ortiga.
O culto mariano nesta região tem raízes que remontam ao século XII e foi reavivado a partir do século XVI. Nas “Memórias Paroquiais” de 1758, refere-se a existência de uma antiga capela com a imagem da Virgem Maria, onde acorriam regularmente muitos devotos e se realizava uma romaria durante o verão. Nesta capela existiam três imagens (Nossa Senhoras da Ortiga, S. Vicente Mártir e Santa Catarina). Estas imagens, executadas em pedra pintada, correspondem às que se encontram atualmente na Igreja.
Segundo a tradição, Nossa Senhora apareceu a uma pastorinha muda que andava a guardar o seu rebanho, pedindo-lhe uma ovelhinha. A criança começou a falar, respondendo que precisava de autorização da família. Quando contou ao pai, este ficou surpreendido com o milagre e autorizou a doação do pequeno animal. A pastorinha voltou ao local e Nossa Senhora pediu-lhe que fosse construída uma capela, onde haveria de conceder muitas graças. Assim surgiu uma capelinha, assinalando a devoção à Virgem.
O atual Santuário, contruído sobre uma pequena elevação, substituiu a antiga capela. O conjunto edificado remonta ao século XIX e tem a estrutura de um típico santuário de peregrinação, com a Igreja em lugar de relevo e o grande adro onde se ergue um cruzeiro, um coreto e um típico moinho de vento. A igreja é um edifício de planta retangular, com uma só nave. Na fachada, destaca-se uma rosácea e a torre sineira. O acesso ao portal principal faz-se por uma galeria coberta. No interior, o altar-mor tem três esculturas provenientes da antiga capela. A de Nossa Senhora, com coroa e o Menino Jesus, está no centro. As paredes laterais ostentam um conjunto de azulejos de padrão, inspirados em decorações azulejares do século XVIII.
Por ocasião do Jubileu de 1801, o Papa Pio VII concedeu uma indulgência plenária aos devotos que participassem nas cerimónias durante a semana iniciada no primeiro domingo do mês de julho, período em que ocorre a romaria. Nesta ocasião, são particularmente relevantes a procissão com a imagem da Virgem no andor suportado por romeiros e a refeição partilhada por todos os participantes.