Património Imaterial
Manufatura de Bengalas de Gestaçô
A “Manufatura de Bengalas de Gestaçô” é uma técnica introduzida na freguesia de Gestaçô, no concelho de Baião, pelo empresário Alexandre Pinto Ribeiro no início do século XX e que consiste numa atividade transformadora artesanal que utiliza a técnica de dobragem da madeira, substituindo a prática da talha que até então era mais comum para a construção de bengalas. Esta nova técnica veio permitir um maior aproveitamento da matéria-prima e transformou a produção de bengalas no país.
Assemelhando-se muito ao processo de fabrico de cabos de guarda-chuva em madeira, a produção de bengalas alcançou uma relevante importância comercial até meados do passado século, já que a bengala passou a fazer parte da indumentária na cultura portuguesa. Ilustres portugueses como, por exemplo, Camilo Castelo Branco ou Eça de Queiroz, imortalizaram a imagem desse elemento. Atualmente é sobretudo usada nos 2 trajes académicos, animando as queimas das fitas um pouco por todo o país, mas também como objetos de coleção.
Atualmente são apenas quatro os artesãos de Gestaçô que se dedicam a esta arte, pelo que a transmissão dos conhecimentos da produção de bengalas, seguindo a técnica de dobragem da madeira, encontra-se em sério risco de extinção. A escassa adesão das novas gerações ao ofício coloca algumas reservas quanto ao seu futuro, motivo pelo qual a DGPC tomou a decisão em inventariar a prática no regime de Salvaguarda Urgente.
O pedido de registo foi submetido pela Câmara Municipal de Baião, resultado de um processo de investigação no terreno conduzido entre 2019 e 2023, em estreita colaboração com os artesãos de Gestaçô e demais elementos relacionados.
O público pode, a partir de agora, ter acesso na plataforma Matriz à documentação que caracteriza esta manifestação do património cultural imaterial nacional, cuja continuidade se deseja salvaguardar.