Património Material
Igreja Matriz do Divino Espírito Santo de Malhou
A Igreja Matriz de Malhou, do século XVII, é um templo vasto de bom prospeto. Sofreu remodelações que lhe alteraram o carácter seiscentista.
A fachada, de empena em bico, é barroca o que se constata através da ornamentação do portal e do seu frontão. Um olho-de-boi ilumina o coro alto, em baixo existe um friso de azulejos, mistura de vários padrões onde se podem ver ainda os restos de um painel figurativo que representa um rosto de frade. A torre sineira tem cantos arredondados marcados por pilastras curvas, rematadas por fogaréus e terminada em cúpula. Na fachada lateral direita dois janelões enquadram uma porta encimada por um painel que apresenta a seguinte inscrição: "Esta Igra / se fes na / era de: / 1634" (esta data deve representar não a edificação do templo, mas uma reconstrução, sendo a igreja anterior).
Em frente ao templo pode ver-se um cruzeiro datado de 1714.
O interior é de uma só nave, altar-mor, dois altares colaterais e dois laterais. O teto é magnífico formado por cinquenta caixotões pintados com motivos florais em vermelho, azul, verde, castanho e amarelo, a nave ostenta silhar de azulejos seiscentistas, azuis e amarelos do tipo padrão, e os retábulos dos altares são de talha dourada o maior, e pintada os laterais. O coro alto é sustentado por duas colunas e respetivas mísulas, o púlpito é simples e ladeiam-no duas janelas cegas, o aro triunfal é em talha barroca policroma, tendo no centro uma moldura que acolhe a Pomba do Espírito Santo rodeada de querubins, os lados interiores são barrocos, decorados a estuque, o teto da capela-mor é de estuque pintado em cujo centro uma custódia irradia luz. No retábulo-mor formado por um trono, onde atualmente está uma imagem de Cristo crucificado, e dois nichos laterais, vê-se novamente a figuração do orago, é em talha dourada com colunas salomónicas que enquadram num dos nichos uma excelente imagem da Santíssima Trindade em pedra, está completa e data do século XV embora tenha sido pintada e estofada posteriormente, e no outro uma imagem setecentista de Nª Sª do Rosário. Na capela-mor está também a lápide tumular de Sebastião Duarte de Alviela, Cavaleiro-Fidalgo da Casa Real e seu filho José Duarte, datada de 1664.
Os dois altares laterais são em talha pintada e são idênticos, no da direita representa-se Nossa Senhora de Fátima, e no da esquerda o Sagrado Coração de Jesus, nos altares colaterais representam-se S. José, Nª Sª de Lourdes e do século XVI S. Francisco de Assis à direita e no altar da esquerda S. Sebastião, o Menino Jesus e S. António.
À direita por cima da porta lateral existe uma tela setecentista do Pentecostes, que foi usada para esconder o trono do altar-mor aquando das invasões francesas, sendo retirada para este local a meados do século passado. Na porta que dá acesso à sacristia destacam-se dois rodapés lavrados, na parede ao fundo encontra-se um belo arcaz de nove gavetas, existindo na frente deste um lava-mãos barroco, realce merecem também três tábuas dos finais do século XVI, inícios do século XVII de cariz popular que terão pertencido a um retábulo de S. Vicente que segundo Gustavo Matos Sequeira no Inventário Artístico “é interessante para a iconografia do santo”.
Em dependência existente à direita do guarda-vento guarda-se um bom retábulo que se encontra danificado, sendo dividido em dois planos. Na nave existe um silhar de azulejos. Duas pias de água benta dispõem-se ao longo da nave, duas delas têm particularidades interessantes: uma tem o cálice em forma de concha estando ligada a um nicho em forma de vieira, a outra mostra uma viola relevada.