Património Imaterial
Culto a Santa Joana
O culto a Santa Joana emerge da comunidade como um ato da esfera do religioso e do divino, expressando-se numa manifestação pública e coletiva, viva e ativa em Aveiro. Esta manifestação de culto coletiva singulariza-se pela participação ativa das pessoas residentes nas freguesias da Glória e Vera Cruz, no centro da cidade de Aveiro. Contudo, o culto a Santa Joana tem acolhimento em todo o concelho de Aveiro e é singularizado pela prática devocional das populações das 10 freguesias concelhias e pela unidade religiosa e social do aglomerado populacional envolvido, o residente e o relacionado.
O culto a Santa Joana é continuamente atualizado pela comunidade aveirense, sendo extensível a outras comunidades externas que partilham o mesmo sentimento de identidade devocional, à escala nacional e internacional.
O papel das vivências no contexto da religiosidade popular está sedimentado e confirmado não só pela comunidade aveirense, bem como a nível nacional por comunidades residentes em vários lugares pertencentes a freguesias de concelhos distintos. A introdução do culto nas famílias e nas gerações mais novas passa pela dinâmica da Irmandade de Santa Joana e pela continuidade devocional das preces e orações realizadas junto ao túmulo da Princesa e em Capelas e oratórios públicos e privados, e pelas promessas que se fazem e que se materializam em ofertas a Santa Joana, flores na sua essência. Os modos de oferta e agradecimento das promessas evocadas pelos crentes reforçam a história e a manutenção dos seus devotos, que veem nesta devoção à Princesa a expressão de uma entrega aos mistérios da fé em momentos dolorosos, de dúvida na saúde, na expectativa de cura, entre outros sentimentos, e que são expectações/esperanças que passam de geração em geração.
As comunidades externas ao concelho de Aveiro em que o culto a Santa Joana está presente e ativo são: em Alvalade (na Paróquia de Santa Joana, Diocese de Lisboa) e Salselas (na Paróquia de Santa Joana, Macedo de Cavaleiros, Diocese de Brangança de Miranda).
Em Aveiro a manifestação de culto e devoção a Santa Joana é específica da cidade, na sua área urbana e central, e também na área periurbana, na freguesia de Santa Joana, a qual foi criada em 1985 e onde foi erigida uma Igreja projetada pelo conceituado arquiteto Luís Cunha, e aprovado pela Comissão Diocesana de Arte Sacra, em abril de 1972.
A nível internacional a manifestação de culto a Santa Joana é extensível à comunidade de Votuporanga, um município brasileiro do Estado de São Paulo na Região Sudeste do Brasil, e ainda Curitiba, que propiciam anualmente espaços alargados de diálogo e de compreensão de um mesmo culto a Santa Joana Princesa, mas manifestado entre diferentes tradições e solenidades.
Em Aveiro, a solenidade de maior visibilidade pública é a Procissão a Santa Joana Princesa que se celebra no dia 12 de maio, dia da Cidade e dia da sua Padroeira – Santa Joana. O dia 12 de maio congrega o lado oficial ao lado religioso, este mais popular, numa manifestação festiva e processional de larga permanência no tempo, instituída após a beatificação de Santa Joana em 1693-4.
Contudo, o culto dedicado a Santa Joana tem raízes profundas que se podem evocar ao tempo da sua morte ocorrida a 12 de maio de 1490. A Princesa foi desde a sua morte venerada como Santa pela comunidade religiosa residente no Convento de Jesus, e, simultaneamente, pela comunidade civil residente na então Villa de Aveiro.
Na sequência desta veneração é então beatificada em 1693, por Breve de Inocêncio XI. Contudo, a Princesa é tradicionalmente denominada de Santa Joana, sem que seja popularmente necessário obter tal confirmação do Vaticano.
O culto à Princesa Santa Joana foi essencialmente acarinhado e difundido pelo Convento de Jesus de Aveiro, local onde a Princesa viveu desde 1472, e onde morreu no ano de 1490. Coincide o Convento de Jesus com o atual Museu de Aveiro / Santa Joana, lugar onde se encontra sepultada a Princesa.
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