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Património Material

Palácio Nacional de Queluz

Distrito: Lisboa
Concelho: Sintra

Tipo de Património
Património Material
Classificação
Monumento Nacional
Proteção Jurídica
Decreto de 16-6-10 Z.E.P., D.G., 2ª Série, Nº 200 de 24-8-68 Boletim N.º 110, da D.G.E.M.N.
Tipologia original
Arquitectura Doméstica - Palácio
Áreas Artísticas
Arquitectura Civil
Descrição

O Palácio Nacional de Queluz e os seus jardins históricos constituem um dos exemplos mais extraordinários da ligação harmoniosa entre paisagem e arquitetura palaciana em Portugal, refletindo o gosto da corte nos séculos XVIII e XIX (período marcado pelo barroco, o rococó e o neoclassicismo).

Em 1934 o Palácio foi alvo de um incêndio que o destruiu parcialmente, tendo sido feitas várias obras de reconstrução nessa altura.

Intervenções e Restauros

O Palácio será alvo de diversas obras de recuperação, ao longo de 2015.

Áreas de intervenção:
 
Serão recuperadas as coberturas da Sala de Jantar e do Pavilhão Robillion/Sala dos Embaixadores (Quarto D. Quixote e da Princesa Carlota Joaquina, Salas das Merendas, do Toucador, das Açafatas e dos Despachos, e Sala dos Embaixadores), espaços que não são intervencionados desde o incêndio. A estrutura de suporte das telhas, composta por lajes aligeiradas de tijolos armados e argamassados, encontra-se em avançado estado de deterioração e será completamente substituída por madres e varas de madeira. Rever-se-á o sistema de drenagem de águas (cujos problemas atuais potenciam infiltrações), substituindo as caleiras, introduzindo uma nova janela de acesso às coberturas e melhorias na ventilação natural.

Os tetos, de madeira, serão limpos por aspiração, alvo de tratamento curativo e preventivo (contra fungos e insetos xilófagos) e de verniz ignífugo para aumento da resistência ao fogo.

A intervenção será acompanhada da revisão das infraestruturas de energia e comunicações existentes nos sótãos, bem como da substituição do sistema de proteção contra descargas atmosféricas, passando este a incluir dois novos para-raios, protegendo todo o Palácio, em vez de apenas uma parte.
 
Para a recuperação das fachadas, que ao longo dos tempos foram pintadas com cores e tons diferentes, foi realizado um aprofundado estudo e discussão, acompanhado de análises laboratoriais, investigação documental, desenhos e fotografias antigas, concluindo-se que o Palácio Nacional de Queluz era azul. Pretende-se portanto restituir a harmonia de cores nos alçados virados aos jardins, ensaiando materiais, técnicas e composições decorativas (molduras e fingimentos) numa das fachadas, que será depois avaliada para solução idêntica nas restantes.
 
Relativamente à recuperação das cantarias, esta incluirá a remoção de fungos, o tratamento de juntas, bem como a consolidação e reposição de outros elementos.

Também as janelas e portas das fachadas do Palácio viradas aos jardins serão alvo de intervenção (tratando-se de elementos essenciais para a segurança e condições no ambiente interior), obedecendo a regras específicas, tendo em conta o edifício histórico em que se inserem. Foi conduzida uma avaliação geral do estado de conservação, registando-se que as caixilharias apresentam problemas de conservação, por apodrecimento das madeiras, e também as ferragens e os gradeamentos metálicos das varandas estão em situação de degradação.
 
Definiram-se as soluções técnicas a aplicar, tendo em conta critérios como o respeito pela autenticidade dos objetos originais e a compatibilidade com os materiais pré-existentes, substituindo-se apenas os que não seja possível recuperar por não incluírem matéria suficiente ou o estado de degradação ser demasiado elevado.
 
A intervenção de adaptação dos pisos térreos do Pavilhão Robillion e Sala dos Embaixadores (fechados ao público desde a reconstrução após o incêndio de 1934) pretende que estes passem a funcionar como cafetaria, auditório e apoio a eventos. Envolverá a instalação de uma zona de cafetaria aberta ao público em geral, com esplanada (incluindo elevador para acesso de pessoas com mobilidade reduzida), e outra para acolher eventos e conferências, garantindo desempenho e segurança mas conservando os elementos arquitetónicos e decorativos fundamentais do edifício, com o mínimo de alterações estruturais. Uma das salas deste piso dará lugar a um auditório polivalente e outra a um espaço de refeições, habilitando o Palácio a receber eventos durante o período de abertura ao público.
 
A renovação do sistema de videovigilância, que integrará o sistema geral de CCTV da Parques de Sintra, incluirá neste local cerca de 50 câmaras digitais de alta resolução. Cobrirá todo o perímetro do Palácio e Jardins, integrando deteção de movimento e remoção de objetos no interior. Pretende-se assim garantir a segurança dos bens e visitantes, tanto no interior do Palácio como nos jardins, bem como monitorizar incidências, garantindo auxílio em situações de emergência.
 
Ainda no Palácio, será executada a ligação da rede de águas residuais à rede pública de saneamento, eliminando as diversas situações atuais de escoamento para o Rio Jamor.
 
A iluminação das fachadas e dos jardins visa beneficiar o usufruto do Palácio e Jardins em atividades fora do horário normal de abertura. A instalação com tecnologia LED será discreta, ao nível do pavimento, aumentando o número de focos mas reduzindo a sua potência, de forma a beneficiar a leitura cénica do espaço.
 
Os jardins Botânico e de Malta serão também alvo de intervenção, com vista à recuperação da sua estrutura e composição original enquanto jardins setecentistas. Para tal, foi analisado o enquadramento histórico e o contexto dos jardins europeus da época (nomeadamente o traçado), bem como toda a evolução que sofreram até à atualidade. Procedeu-se também à recolha e análise de vários elementos dispersos pelos jardins e que ainda restam, tais como troços de balaustrada, lagos, cantarias e lajes. Estes projetos têm sido acompanhados por sondagens arqueológicas, que têm apoiado as tomadas de decisão. Juntamente com a investigação bibliográfica, este trabalho permitiu a produção de plantas de reconstituição dos jardins setecentistas. A Parques de Sintra pretende agora reconstituir os jardins, devolvendo-lhes o caráter lúdico e interpretativo originais, respeitando a sua composição e relação com a envolvente.
 
O Jardim Botânico foi destruído na cheia de 1983, que derrubou a maior parte das estruturas, e depois da qual o espaço foi adaptado para picadeiro de treino e apresentações da Escola Portuguesa de Arte Equestre. Prevê-se agora a reconstrução das 4 estufas originais, da estrutura da Casa Chinesa (originalmente para cultivo de plantas orientais), reposição do Lago, das balaustradas, dos pavimentos e canteiros. Proceder-se-á a trabalhos de conservação e restauro de azulejos, elementos de pedra, balaustradas, bancos e alegretes. Serão plantados os canteiros ornamentados, os canteiros botânicos e os canteiros centrais das estufas, bem com as floreiras dos alegretes. Também a rede de infraestruturas será dimensionada para dar resposta às necessidades ao nível da energia, abastecimento de água e drenagem.
 
O Jardim de Malta, um dos mais importantes no conjunto de jardins do Palácio de Queluz, será igualmente objeto de recuperação. Ao longo do tempo foi alterado ao nível das plantações, configuração decorativa, esculturas e lagos. A intervenção neste espaço prevê a remoção e transplante da vegetação existente, integrando-a, sempre que possível, noutras áreas do jardim; a reposição dos 4 grupos de esculturas e conchas dos lagos; a substituição do pavimento atual e revisão do sistema de drenagem; a consolidação e conservação das esculturas, pedestais, balaustradas e cantarias; a reformulação do sistema de rega resolvendo problemas de pressão e entupimento; e a iluminação das zonas de circulação, elementos decorativos e envolvente. No que respeita a plantações, pretende-se reconstituir o desenho original plantando novas sebes (as atuais serão transplantadas e reutilizadas no jardim), introduzir novos elementos topiados e eliminar os elementos arbóreos que não pertencem à estrutura original.

Além das intervenções nestes dois jardins, a Parques de Sintra pretende também proceder ao restauro da cascata, recuperação dos bosquetes e caminhos do jardim; rever e melhorar o sistema de águas no que diz respeito a fontes, lagos e à rega, e ainda proceder a plantações com o objetivo de proteger as vistas a partir do jardim. 

Morada
Largo do Palácio Nacional
2745 QUELUZ
Queluz de Baixo
Bibliografia
LOPES, Flávio (coord.), Património Classificado - Arquitectónico e Arqueológico - inventário, vol. II, Lisboa, IPPAR, 1993.
Data de atualização
24/02/2015
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