Património Imaterial
Bordados de Glória do Ribatejo
País:
Portugal
Distrito:
Santarém
Concelho:
Salvaterra de Magos
Tipo de Património
Património Imaterial
Classificação
Inventário Nacional de Património Imaterial
Descrição
A inscrição da manifestação «Os Bordados de Glória do Ribatejo» no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial reflete os critérios constantes no artigo 10.º do referido diploma, destacando a importância da referida manifestação do património cultural imaterial enquanto reflexo da respetiva comunidade e os processos sociais e culturais nos quais teve origem e se desenvolveu a manifestação do património cultural imaterial na contemporaneidade.
A produção e uso dos bordados a ponto de cruz de Glória do Ribatejo está presente no quotidiano desta freguesia há várias gerações. É uma arte popular cujo ponto dominante é, como se referiu, o ponto de cruz. Em algumas peças bordadas são confecionadas outras aplicações de pormenor, todas conhecidas pelos seus nomes próprios, em que os “bicos” assumem preponderância, pois são adornos que rematam as extremidades. Este saber-fazer, transmitido oralmente e em contexto prático pelas mulheres glorianas, era aplicado na elaboração de várias peças de vestuário quotidiano, na roupa da casa, e em outros objetos de utilidades diversas. Por um lado, esta expressão artística e também cultural era o reflexo de uma necessidade prática da mulher gloriana que, com poucos recursos, tentava dar algum requinte à sua indumentária, aplicando os bordados em todas as peças que costurava à mão, mas, por outro lado, permitia assinalar um estatuto ou relação pessoal e social. De facto, todos os bordados, além da sua função pessoal e privada, projetam para o espaço público um testemunho de um estatuto, pessoal e social do seu portador, mostrando as competências, atenção e esforço de cada mulher. É por isso que estes bordados são, também, uma marca na identidade dos habitantes desta freguesia e fazem parte da sua cultura e das suas tradições. Esse estatuto e posição pessoal e social resultam do facto de serem feitos para ser usados no espaço público. De facto, além da beleza do próprio bordado, ele anunciava a competência e dedicação da mulher que o produzira; outras vezes, a namorada, que o bordou, e os “camaradas” (amigos) dos dois comprometidos. A interpretação pública do próprio bordado era, em si mesma, um verdadeiro evento. A simbologia e funcionalidade associadas à aplicação destes bordados confere-lhes características que os diferencia dos outros bordados, sem qualquer expressão comercial ou de ostentação de riqueza, já que estas peças deixam transparecer o rigor e o preceito de quem as borda.
Fonte: Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial
A produção e uso dos bordados a ponto de cruz de Glória do Ribatejo está presente no quotidiano desta freguesia há várias gerações. É uma arte popular cujo ponto dominante é, como se referiu, o ponto de cruz. Em algumas peças bordadas são confecionadas outras aplicações de pormenor, todas conhecidas pelos seus nomes próprios, em que os “bicos” assumem preponderância, pois são adornos que rematam as extremidades. Este saber-fazer, transmitido oralmente e em contexto prático pelas mulheres glorianas, era aplicado na elaboração de várias peças de vestuário quotidiano, na roupa da casa, e em outros objetos de utilidades diversas. Por um lado, esta expressão artística e também cultural era o reflexo de uma necessidade prática da mulher gloriana que, com poucos recursos, tentava dar algum requinte à sua indumentária, aplicando os bordados em todas as peças que costurava à mão, mas, por outro lado, permitia assinalar um estatuto ou relação pessoal e social. De facto, todos os bordados, além da sua função pessoal e privada, projetam para o espaço público um testemunho de um estatuto, pessoal e social do seu portador, mostrando as competências, atenção e esforço de cada mulher. É por isso que estes bordados são, também, uma marca na identidade dos habitantes desta freguesia e fazem parte da sua cultura e das suas tradições. Esse estatuto e posição pessoal e social resultam do facto de serem feitos para ser usados no espaço público. De facto, além da beleza do próprio bordado, ele anunciava a competência e dedicação da mulher que o produzira; outras vezes, a namorada, que o bordou, e os “camaradas” (amigos) dos dois comprometidos. A interpretação pública do próprio bordado era, em si mesma, um verdadeiro evento. A simbologia e funcionalidade associadas à aplicação destes bordados confere-lhes características que os diferencia dos outros bordados, sem qualquer expressão comercial ou de ostentação de riqueza, já que estas peças deixam transparecer o rigor e o preceito de quem as borda.
Fonte: Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial
Data de atualização
03/03/2022