Património Imaterial
Canto a Vozes de Mulheres
Embora desconhecendo-se a sua origem temporal, esta é uma manifestação cultural que dá voz a mulheres em diferentes localidades rurais do centro e norte de Portugal há sucessivas gerações. Também se encontra em outras zonas do país, representada por grupos que de alguma forma tiveram, ao longo da sua história, contacto com essas práticas.
Atualmente são as mulheres que, em grupos exclusivamente femininos ou mistos, cantam as vozes que formam a polifonia vocal, sendo por isso as principais detentoras do conhecimento diferenciador desta prática. Por tradição aprendiam a cantar a ouvir, observando, imitando e seguindo os conselhos das cantadeiras mais experientes, num contexto de transmissão que ocorria sobretudo durante o trabalho coletivo ou doméstico. Hoje, esse contexto é substituído essencialmente por momentos de preparação ou ensaio, apesar da transmissão ser feita oralmente, através da escuta e da reprodução dos cantares.
Nas comunidades onde o canto a vozes de mulheres se pratica e faz ouvir, a presença ocorre sobretudo em festas e rituais locais, assinalando momentos de celebração de 2 cariz religioso, mas também em acontecimentos profanos de âmbito cultural com significado para as populações.
Com esta inscrição, a DGPC reconhece a relevância da prática do canto de três ou mais vozes nas matrizes identitárias das comunidades em que se encontra presente, bem como a sua importância histórica e atual valorização social e cultural, tornando-a uma referência patrimonial nos territórios de influência.
O pedido de registo foi submetido à DGPC pela “Associação de Canto a Vozes - Fala de Mulheres”, que conta atualmente com 48 grupos associados e praticantes do canto de três ou mais vozes de todo país.
O público pode, a partir de agora, ter acesso na plataforma MatrizPCI à documentação que caracteriza esta manifestação do património cultural imaterial nacional, cuja continuidade se deseja salvaguardar.