Teatro
Teatros e cinemas nos 50 anos da morte de Cassiano Branco
Assinalamos hoje o cinquentenário da morte do arquiteto Cassiano Branco (1897-1970) no que concerne a sua criatividade técnica e artística respeitante a salas de espetáculo.
Há cerca de 5 anos, tivemos aliás ensejo de referir aqui o então chamado Cine-Teatro Império, projetado por Cassiano com intervenções arquitetónicas de Frederico George e Raul Chorão Ramalho, inaugurado em 1952 com o filme de René Clair intitulado “La Beauté du Diable”.
E assinalámos na altura a atuação do também então chamado Teatro Moderno de Lisboa, iniciativa de Carmen Dolores, Rogério Paulo, Armando Cortez e Fernando Gusmão, o qual, entre 1961 e 1965, muito contribuiu para uma modernização cultural do espetáculo e da cultura inerente.
Aí se destacou aliás a estreia da peça “O Render dos Heróis” de José Cardoso Pires, depois retirada de cena pela censura. Trata-se da evocação histórica da chamada Maria da Fonte realçando os aspetos e compromissos de movimento popular, que neste aspeto histórico assume a veracidade.
E é oportuno então realçar que as indicações e notas de cena conciliam-se com a interpretação histórico-ideológica, mas ao mesmo tempo não afetam de modo alguma a expressão teatral. Cardoso pires tinha efetivamente uma significativa vocação dramática/dramatúrgica, isto é, de técnica de cena e de espetáculo.
E vale a pena então reproduzir o que aqui escrevemos há cinco anos a propósito deste espetáculo.
Pois efetivamente a peça «representa a revolta popular da Maria da Fonte, destacando-se a recriação épica da força do povo no movimento político e a adequação de psicologias e condutas independentemente das motivações. (cfr. “Teatro em Portugal” 2012). Levá-la à cena constitui um dos “verdadeiros atos de resistência” à censura, como diz Luís Francisco Rebello... (in “Breve História do Teatro Português”, 2000; cfr. também Maria Regina Rodrigues “A Situação do Teatro Português na Década de 1960”; Tito Lívio e Carmen Dolores “Teatro Moderno de Lisboa”, 2009.
E assim é!
Duarte Ivo Cruz