Teatro
Tradição de Edifícios de Teatro e de Cultura em Vila do Conde
A monumentalidade histórica de Vila do Conde remonta aos inícios do século XIV: pelo menos desde 1318, com o Convento de Santa Clara, fundado e construído por D. Afonso Sanches, filho do Rei D. Dinis e de D. Teresa Martins. Restaurado e beneficiado a partir da década de 70 do século XVIII, como tal sobreviveu como Mosteiro e residência eclesial, expressão corrente na época, até 1893, ano em que falece a última monja e o edifício é entregue ao Ministério da Justiça.
Mas entretanto, em 1778 efetuam-se trabalhos de restauro e alargamento do Mosteiro. E nessa data inicia a construção do que ficou conhecido como o “Submosteiro”, este segundo traça de um arquiteto relevante, Henrique Ventura Lobo de seu nome. Daí que, em 1912, o historiador Castro e Solla, publique um estudo relacionando os dois monumentos, para lá da proximidade urbana. (cfr. Castro e Solla “Notas de um Antiquário” in “Ilustração Villacondense” setembro de 2012). Trata-se de um belo edifício da época.
Mas o que aqui queremos referir é que o Submosteiro foi adquirido em 1985 pela Camara Municipal que o converteu em auditório, segundo projeto do Arquiteto Maia Gomes.
Em 2012, publiquei um estudo intitulado “Teatros em Portugal – Espaços e Arquitetura” em edição de Mediatexto e do Centro Nacional de Cultura.
No Prefácio desse livro, Guilherme d´Oliveira Martins refere “os recintos teatrais, a partir do encontro entre o espaço que foi sagrado e uma nova vocação profana – o Mosteiro de Enxobregas, o antigo teatro de Penafiel, o Convento e o Subconvento de Vila do Conde, o exemplo de Trancoso os Conventos e Misericórdias do Alentejo e quatro casos algarvios. E o certo é que esse encontro do sagrado e do profano permite o entendimento do fenómeno teatral a partir das suas origens mais remotas e essenciais”. (pág. 9).
Nesse livro, refiro ainda que “a Câmara Municipal de Vila do Conde adquiriu o Cine-Teatro Neiva, belo exemplar da geração dos Cine-Teatros dos anos 40”.
Efetivamente, acrescento, trata-se de um cine-teatro inaugurado em 1949, encerrado nos anos 80 e agora recuperado com uma lotação de cerca de 550 lugares na sala principal, em plateia e dois balcões, e ainda uma sala experimental de 120 lugares.
Duarte Ivo Cruz