Teatro
Auditório Fernando Lopes Graça de Tomar
Temos aqui referido com destaque a politica de descentralização cultural e de património, na conjugação destas duas componentes que convergem mas não implicam obviamente uma comum dimensão temporal, pois o património histórico em si mesmo comporta um significado cultural, mas a cultura tantas vezes se assume e desenvolve à margem de patrimónios específicos.
E isto mais se acentua na ponderação da cultura de espetáculo e dos espaços, modernos ou clássicos que a sua concretização necessariamente envolve.
Nesse sentido, demos aqui notícia do Cine-Teatro Paraíso de Tomar, “herdeiro” de um Teatro Nabantino do século XIX, sucessivamente remodelado em 1920 e em 1948, projeto de Francisco Korrodi, municipalizado em 1997 e reaberto em 2002.
Hoje referiremos o Auditório Fernando Lopes Graça, também situado em Tomar.
E começamos por frisar que o Auditório Fernando Lopes Graça representa, na arquitetura, na evocação e na função, essa convergência modernizante da simbologia e da atividade cultural.
Desde logo pelo património histórico-urbano em que se implanta e na conciliação da sua modernidade arquitetónica com a tradição monumental da cidade. Mas também pela evocação de um nome e de uma obra referencial da cultura portuguesa moderna, o compositor Fernando Lopes Graça (1906-1994), natural de Tomar e figura destacadíssima no meio musical.
Trata-se de um edifício de notável qualidade na modernidade do projeto mas também da abrangência das atividades culturais e pedagógicas desenvolvidas. Na origem encontramos um grupo coral criado em 1980 na Sociedade Banda Nabantina que se constitui em 1982 como Associação Cultural autónoma com a designação programática de Canto Firme de Tomar. Foi reconhecida como Associação Cultural de Utilidade Publica em 1992. Mas vinha de muito antes a sua ação e projeção regional e nacional no plano das artes do espetáculo e da respetiva docência e formação.
Recordemos então os antecedentes culturais da cidade.
Como vimos em crónica anterior, mas é oportuno novamente referir, existe desde os anos 60 do seculo XIX uma tradição de edifícios teatrais em Tomar. Por essa época foi efetivamente inaugurado o Teatro Nabantino com 30 camarotes de 1ª e 2ª ordem, 12 frisas e 126 lugares de plateia. Trata-se então de uma assinalável iniciativa local, que se foi prolongado ao longo do século passado e que agora se reforça no notável edifício do Auditório Fernando Lopes Graça.
E efetivamente, este Auditório Fernando Lopes Graça – Canto Firme , assim conhecido, constitui um conjunto de valências de cultura e de espetáculo, desde logo a partir da sala principal com lotação de 250 lugares e com palco devidamente dimensionado e equipado.
Mas não só: o edifício comportou ainda uma Escola de Música e áreas de atividades diversas de complementação de cultura e convívio especialmente vocacionadas para formação didática e de juventude.
E com destaque para a produção de espetáculos teatrais.
Duarte Ivo Cruz