Teatro
Theatro Club da Póvoa de Lanhoso
A referência histórica aos Teatros-Clube, assim designados e referidos a partir de inícios do século passado, merece em si mesma ponderação, pelo que revela e documenta de iniciativas a nível nacional de descentralização da infraestrutura e da atividade de espetáculo. E dizemos isto porque designadamente Sousa Bastos, no seu à época exaustivo Diccionário do Theatro Portuguez, que aqui temos citado, descreve salas de espetáculo com esta designação, particularmente em Ervedal da Beira, Mortágua, Alpedrinha, Benavente, Azeitão, Rezende, Figueiró dos Vinhos, Lourinhã e São Pedro do Sul, isto em 1908.
Mas a lista não era, já na época, exaustiva, longe disso. E sem entrar em maiores detalhes, acrescentamos que em 1904 inicia-se a construção de um Theatro Club na Póvoa do Lanhoso, o qual sobreviveu em atividade até hoje.
A iniciativa deveu-se a um benemérito local, de seu nome António Ferreira Lopes, que naquele ano de 1904 manda construir no mesmo edifício dois estabelecimentos de diversificado e indiscutível interesse público, a saber, o teatro e o que na época se chamou uma “casa da bomba”, ou seja, o quartel dos bombeiros.
Ora, não deixa de ter algum significado esta concentração de serviços de interesses e funções, ainda que obviamente diversas – o teatro e a sede do serviço de bombeiros, ou, por outras palavras, a cultura e a saúde e sobrevivência de ordem urbana e individual...
Luís Soares Carneiro, no estudo sobre “Teatros Portugueses de Raiz Italiana” (FAUP 2004) atribui a autoria do projeto ao Arquiteto Moura Coutinho, autor também do Theatro Circo de Braga, no que é aliás acompanhado, no que se refere à Povoa do Lanhoso, por outros autores, designadamente Padre Manuel Magalhães dos Santos (“Bombeiros Voluntários da Póvoa do Lanhoso” – 1994) ou Elsa Mendes (“Portugal Património - Póvoa do Lanhoso” - 2007).
Em qualquer caso, o Teatro é inaugurado em 1905. Assinala-se que em 2005 celebrou o centenário com um colóquio internacional sobre teatros históricos.
E terminamos esta crónica com uma referência generalizada aos teatros e cineteatros da época, que sobrevivem até hoje. Tal como já escrevemos (“Teatros de Portugal” ed. INAPA 2005), quase todas essas salas obedecem à traça clássica à italiana e muitas delas mantêm os camarotes de pé: será esse, aliás, um dos grandes sinais de respeito pela infraestrutura arquitetónica frequentemente sacrificada no período áureo dos Cine-Teatros. Acresce que as Câmaras têm sido nesta área frequentemente modelares no suporte da recuperação.
Duarte Ivo Cruz
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