Património Material
Casa e Ermida de Santo António - Quinta Pátio d'Água
Conjunto edificado no século XVI, com posteriores reconstruções. Da construção original da casa hoje em dia poucos vestígios existem, uma vez que ela se enquadra presentemente no chamado estilo da casa portuguesa resultante do projeto reconstrutivo da autoria do arquiteto Pardal Monteiro datado de 1919 mas só levada à prática na década de quarenta do século XX pelo seu último proprietário o Comandante Santos Fernandes. O edifício principal apresenta-se-nos assim atualmente com um telhado com beirais e mansardas, janelas com rótulas e a nível decorativo diversas aplicações de azulejos, tendo na fachada do torreão um registo figurando Santo António. Sofreu danos com o terramoto de 1755 e por essa razão em 1767 é referido como um casarão caído no registo do “Livro do Lançamento da Décima dos Prédios Urbanos”, na segunda metade do século XIX albergou a estação da Mala Posta do Alentejo. Em relação à ermida cujo orago é Santo António de edificação quinhentista foi autorizada a sua construção em 1564 pelo rei D. Sebastião, tendo sofrido alterações posteriores. Do edifício original somente chegou aos nossos dias o pequeno nicho existente na capela-mor revestido de azulejos verde-escuro e branco onde eram depositadas as galhetas. Em 1744 foi profundamente remodelada por Francisco Novaes Casado Pimentel de Faria e Cerveira, cuja pedra de armas se encontra no interior sob o arco que separa a capela-mor de nítida influência setecentista, da nave da ermida cuja porta principal se encontra na fachada lateral voltada para o exterior. Com o cataclismo de 1755 a ermida sofreu grandes danos, pelo que foi reconstruída em 1789 por Simão Neto Pereira Pato de Novaes Pimentel conforme se deduz pela inscrição contida numa lápide existente na mesma. A nível decorativo encontra-se revestida interiormente por azulejos com molduras de concheados polícromos onde se observam cenas da vida de Santo António pintadas a azul e branco, sendo cada painel intercalado por um conjunto retangular de azulejos em tons de verde com moldura retilínea, presentemente em mau estado de conservação. Todo o conjunto azulejar de gosto rococó insere-se já numa fase pombalina permitindo-nos datá-los da segunda metade do século XVIII, ou seja da reconstrução pós terramoto. Com a intervenção do arquiteto Pardal Monteiro a ermida foi remodelada tendo sido construído interiormente o coro, na fachada a rosácea com vitral dedicado ao orago bem como o campanário, e a galilé. Na fachada lateral podemos observar três janelas com vitrais representando Santo António, São João, São Pedro e na parede da capela-mor uma janela mais pequena um vitral com símbolos eucarísticos.
Em 2017, a Ermida de Sto. António foi alvo de uma profunda obra de reabilitação e restauro, com financiamento contratualizado no âmbito do Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano/Programa Operacional de Lisboa 2020. Da intervenção realizada, destacam-se os restauros que incidiram sobre o conjunto de vitrais pela Oficina Ricardo Leone, de Lisboa, e sobre os silhares de azulejos setecentistas remanescentes do terramoto de 1755, bem como os elementos em talha dourada. O património pré-existente ficou ainda mais valorizado pela colocação de um novo pavimento - “Chão Comum”, da autoria da conceituada artista montijense Fernanda Fragateiro, que se assume simultaneamente como objeto funcional e obra de arte.
Com esta obra, a Câmara Municipal do Montijo assumiu plenamente a obrigação de cuidar do património público concelhio, não se limitando a conservá-lo, antes pugnando pelo seu enriquecimento e valorização.
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