Museus, Bibliotecas e Arquivos
Biblioteca de Arte Equestre D. Diogo de Bragança, VIII Marquês de Marialva
A Parques de Sintra (PSML) inaugurou no Palácio Nacional de Queluz, a única biblioteca nacional dedicada exclusivamente à Arte Equestre e aberta ao público: a “Biblioteca de Arte Equestre D. Diogo de Bragança, VIII Marquês de Marialva”. No local, além da consulta das publicações, é também possível observar 165 gravuras, duas pinturas (um retrato da família dos 3ºs Duques de Lafões e um de D. Pedro Vito de Meneses Coutinho, 6º Marquês de Marialva), uma casaca de cavaleiro tauromáquico e uma réplica de cavalo ajaezado com gualdrapas e xairel de finais do século XVIII.
Com a aquisição e abertura desta biblioteca, que representa um investimento total da Parques de Sintra na ordem dos 468.750 Euros, o público em geral, e em particular os académicos e investigadores, passam a ter acesso a 1.400 títulos (cerca de 2.000 publicações), alguns bastante raros, relacionados com a Arte Equestre. A coleção foi inventariada pela casa leiloeira Cabral Moncada e inclui 800 títulos europeus (entre os quais 16 manuscritos), desde o século XVI ao XX; 294 livros e folhetos dos séculos XIX e XX; 322 livros ilustrados da 2ª metade do século XX; e cerca de 165 gravuras.
Entre estes, destacam-se um exemplar raro da obra de Johannes Stradanus, de ca. 1578; dois títulos de autores portugueses (António Galvão de Andrade, Arte da cavallaria de gineta, e estardiota, bom primor de ferrar, & alueitaria, 1678; e Manuel Carlos de Andrade, Luz da Liberal e Nobre Arte de Cavalaria, Lisboa, 1790); e uma das 23 edições monumentais habitualmente consideradas como parte do Cabinet du Roi, que celebram os feitos do reinado de Luís XIV.
D. Diogo de Bragança (1930-2012) era um exímio cavaleiro, especialista em Arte Equestre, que toda a vida adquiriu documentos sobre este tema, que ele próprio abordou em diversas publicações. Os herdeiros propuseram a venda da coleção à Parques de Sintra, por desejarem que se mantivesse associada à Escola Portuguesa de Arte Equestre (EPAE) e ao estudo da Arte Equestre.
A empresa, responsável pela gestão do Palácio e Jardins de Queluz e da Escola Portuguesa de Arte Equestre (EPAE), pretende fomentar a investigação sobre os fundamentos e a evolução da tradição equestre portuguesa, bem como sobre as qualidades e características do património equino que protege e divulga. O exame dos documentos que integram a biblioteca permitiu facilmente concluir que mantê-la como um todo, disponibilizando-a à investigação sobre Arte Equestre, era quase um dever nacional. Nesta perspetiva, com a concordância dos seus acionistas, e apoios da Fundação Calouste Gulbenkian e do Banco Português de Investimento (BPI), a Parques de Sintra adquiriu esta Biblioteca, desconhecida do público em geral, em fevereiro de 2014, pelo valor de 380.000 Euros.
De seguida, procedeu à recuperação de três salas no Palácio Nacional de Queluz, para a albergar da forma mais apropriada, com um investimento de 57.250 Euros (incluindo recuperação das salas e aquisição de mobiliário). Deste modo a Biblioteca ficará próxima das instalações da EPAE e constituirá também mais um motivo de atração de visitantes ao Palácio. Representará igualmente uma mais-valia para a missão da Escola na divulgação da Arte Equestre Portuguesa e do cavalo lusitano, bem como na formação regular de cavaleiros.
Encontram-se já em curso ações de conservação e restauro de muitos títulos e gravuras, bem como o tratamento documental com vista à elaboração de um catálogo informatizado que em breve estará disponível online no website da Parques de Sintra (restauros de gravuras/molduras, e software implicaram um investimento de 31.500 Euros). Posteriormente, o catálogo da coleção será integrado no maior catálogo coletivo das Bibliotecas portuguesas, coordenado pela Biblioteca Nacional.
Em paralelo com a disponibilização da Biblioteca de Arte Equestre, também o acervo bibliográfico do Palácio Nacional de Queluz ficará disponível para consulta, bem como os cerca de 20 exemplares cedidos pela Companhia das Lezírias.
A biblioteca estará a partir de agora disponível de segunda a sexta-feira, para qualquer visitante. Para consulta e leitura é necessária marcação prévia.
Sobre D. Diogo de Bragança, 8º Marquês de Marialva (1930-2012)
Nasceu em Lisboa, no Palácio do Grilo, sendo o quarto filho varão dos 8 filhos dos 5os Duques de Lafões e 6os Marqueses de Marialva. Foi educado num ambiente austero e cosmopolita, de grande exigência cultural. Jurista e músico de formação – licenciou-se em Direito na Universidade de Lisboa e fez o curso geral de composição do Conservatório Nacional – foi lavrador e ganadeiro, atividades onde soube conjugar a teoria com a prática e o passado com o presente.
Os que com ele privaram descrevem-no como alegre e expansivo, e um excelente conversador, dotado de grande erudição e de um fino sentido de humor. Solteiro, bon vivant, e gourmet de mérito, era grande apreciador de fado e de literatura portuguesa, citando de cor a poesia de Fernando Pessoa, autor que muito apreciava. Exímio equitador, D. Diogo de Bragança foi um digno sucessor do 4º Marquês de Marialva, Estribeiro-Mor do Rei D. José e seu antepassado, conhecido pelo seu papel decisivo no aperfeiçoamento da Picaria Real e da Arte Equestre em Portugal na segunda metade do século XVIII.
Muito eclético nas amizades que granjeou ao longo da vida, cultivou, no entanto, sempre alguma reserva e discrição em relação à sua biblioteca pessoal, em particular ao núcleo de Arte Equestre, agora disponível a todos.
Sobre a Escola Portuguesa de Arte Equestre
A Escola Portuguesa de Arte Equestre, sediada nos jardins do Palácio Nacional de Queluz, foi fundada em 1979 com a finalidade de promover o ensino, a prática e a divulgação da Arte Equestre tradicional portuguesa. Recupera a tradição da Real Picaria, academia equestre da corte portuguesa do século XVIII, que usava o Picadeiro Real de Belém, hoje Museu Nacional dos Coches, e monta exclusivamente cavalos lusitanos da Coudelaria de Alter.
A gestão da Escola Portuguesa de Arte Equestre foi entregue pelo Governo à Parques de Sintra em setembro de 2012, juntamente com a gestão dos Palácios Nacionais de Sintra e de Queluz.
Horário: Segunda-feira – Sexta-feira, 9h30 - 13h00 e 14h00 - 17h30
Tarifário: Investigadores e académicos: gratuito (marcação prévia: sandra.oliveira@parquesdesintra.pt) / Restantes: bilhete para o Palácio Nacional de Queluz