Teatro
Teatro de Vila Real
A Tradição de Teatros em Vila Real
Vila Real de Trás os Montes conservou, desenvolveu e renovou uma tradição de edifícios de espetáculo e atividades teatrais e musicais que vem, como vocação de espetáculo e ensino, pelo menos do século XIX: desde a construção, exploração e renovação de teatros, de que é exemplo e modelo de arquitetura moderna o recente Teatro Municipal, projeto do Arquiteto Filipe Oliveira Dias, inaugurado em 2004, até à tradição camiliana da estreia da peça “Agostinho de Ceuta” em 1846 - pois com o drama de Camilio inaugurou-se um então chamado Theatro de Vili Real, propriedade de João Pinto da Cunha, tio do escritor.
A gravura que até nós chegou deste velho Theatro oitocentista evoca uma eventual Igreja que antes lá terá existido: e não seria caso único no interior, então distante, do país.
Com efeito, assinala-se a existência de uma sucessão de Teatros em Vila Real. Fica a memória e documentação histórica de sucessivos edifícios vocacionados para o espetáculo, seja teatral, seja musical, como dissemos e adiante melhor veremos, e isto antes e depois do cinema. Cite-se designadamente, além dos referidos, um Teatro Avenida e um Cine-Teatro Real.
Em qualquer caso, a inauguração do atual Teatro de Vila Real, datada como vimos de 2004, assinalou a tradição camiliana através de um painel de cerâmica da autoria de João Botelho. Camilo viveu alguns anos em Vila Real, onde se fixou aos 10 anos, e lá casou em 1846 com Joaquina Pereira. E em 1851 escreve “O Lobisomem”, comédia de costumes “passada na Província de Entre Douro e Minho”.
O Teatro ostenta ainda uma escultura de João Rodrigues, num espaço teatral complexo, que abrange uma sucessão de salas de espetáculo, a partir do conjunto do Grande Auditório e do Auditório Exterior os quais, quando ligados, representam algo como cerca de 1200 lugares, o que é de fato notável.
E mais: o Teatro comporta ainda o chamado Pequeno Auditório, com lotação de 150 lugares, a que acresce um denominado Café Concerto com lotação de 80 lugares, uma Galeria-Bar com 50 lugares e ainda uma sala de ensaios e uma área museológica onde se instalou o chamado Museu da Imagem e do Som. Isto, além das instalações de cena, os camarins e o fosso de orquestra amovível.
É realmente assinalável, num edifício teatral-musical: e tenha-se presente ainda a própria integração geo-cultural, que se estende a toda a região e tanto em Portugal como em Espanha. Daí, a notável programação do Teatro de Vila Real.
Duarte Ivo Cruz