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Diamantina
Diamantina é uma das cidades históricas do Estado de Minas Gerais. Dista 424Km de Belo Horizonte e 603 Km de Brasília. Conserva um equilibrado centro histórico que abrange praticamente toda a cidade com muitos exemplares arquitetónicos do tempo da mineração, quando se chamava Arraial do Tijuco que surgiu por volta de 1722.
Terra de vesperatas e serenatas, dir-se-ia que em todas as famílias há um músico. Possui alguns grupos de grande qualidade que, em ocasiões apropriadas, percorrem as ruas da cidade fazendo serestas ao som de violões e tubas concentrando-se sobretudo na rua da Quitanda, repleta de esplanadas. A cidade conta com inúmeros solares, por aqui denominados sobrados, e igrejas construídas no período português.
A Igreja do Carmo, na rua com o mesmo nome, foi edificada entre 1760 e 1784. Tem abóbada de madeira pintada com motivos bíblicos ostentando um magnífico órgão com 549 tubos e um riquíssimo altar-mor em talha dourada. Digna de destaque é igualmente a sua torre invertida que terá sido assim construída a pedido de Chica da Silva. A banda sinfónica da cidade, integrada no programa cultural da prefeitura, costuma apresentar-se no templo interpretando música erudita e de folclore local.
A Igreja de São Francisco, com a sua fachada e torre sineira avivada por molduras vermelhas, é de 1766, e o seu altar-mor, embora menos elegante do que o da igreja do Carmo, é também um belo exemplo de talha dourada de gosto barroco. A torre sineira ostenta um relógio e a empena da fachada principal é de madeira. A tradição afirma que São Francisco era a igreja preferida por Juscelino Kubitschek, o decidido e visionário presidente brasileiro que criou a cidade de Brasília.
Como em todas as cidades históricas, Diamantina tem também a sua igreja de escravos construída pela Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos em 1731. A sua construção foi feita em parte por escravos nas piores condições de visibilidade, fac to que justifica as inclinações de algumas partes das paredes, colunas e do piso. Junto a ela o chafariz do Rosário, construído em 1787, meio século após a igreja, onde os escravos matavam a sede. A igreja fica no largo do Rosário onde se ergue a Cruz da Gameleira também do século XVIII.
A capela da Senhora das Mercês fica na rua de mesmo nome. Na Praça Monsenhor Neves perto da Casa do Muxarabê, construção do século XVIII onde funciona a biblioteca pública, ergue-se também a igreja do Senhor do Bonfim dos Militares.
Se assistiu à novela Chica da Silva pode visitar a casa da escrava rainha (alforriada entre 1763 e 1771), que fica na praça Lobo Mesquita e foi erguida pelo contratador português João Fernandes em 1771 após vários anos de trabalho. Aqui Chica e João terão concretizado a sua arrebatadora paixão como se pode ver nas pinturas que se encontram no interior. Hoje é a sede regional do Instituto do Património Histórico e Artístico Nacional e pode ser visitada de segunda a sexta-feira, entre as 9h e as 17h. Diz a tradição que Chica está enterrada na igreja de São Francisco.
Quase no centro da Praça Barão do Guaicui ergue-se um dos símbolos da cidade; o Mercado Velho, como é conhecido (que mantém a sua função sendo hoje o Mercado Municipal), e a sua estrutura de madeira, construído originalmente para albergue de Tropeiros em 1835. Diz-se que os seus arcos terão inspirado Oscar Niemeyer nos projetos de Brasília. Em dias de feira há venda de bebidas, ingredientes regionais, doces, salgados e artesanato.
Um pouco a Norte, na rua de Burgalhau, há um representativo conjunto de casas do século XVIII que terá sido o núcleo inicial da cidade nascida do arraial garimpeiro.
Da centúria de setecentos são também o edifício do Paço Episcopal, antiga Casa do Contrato que fica logo depois da Igreja do Carmo. Descendo para o vale, fica a casa do fórum na Praça Kubitschek. A Casa de Juscelino Kubitschek, na Rua São Francisco, foi onde viveu até aos 18 anos e guarda documentos, fotografias e instrumentos de trabalho do ex-Presidente do Brasil.
A Casa da Glória é formada por dois edifícios edificados em épocas diferentes: a casa à esquerda na imagem foi edificada no final do século XVIII servindo de residência oficial dos intendentes do Distrito Diamantino; a outra foi construída no século XIX. A ligar os dois edifícios encontra-se um interessante passadiço (o conjunto é também conhecido como Casa do Passadiço) envidraçado e pintado de azul sobre a rua do mesmo nome que sobe para a parte alta de Diamantina. A construção do Passadiço, por volta de 1870, foi envolta em polémica depois de os edifícios passarem a abrigar freiras vicentinas e de o propósito da construção ser o de evitar o contacto de estas com os estudantes da cidade. Desde 1979 aqui funciona o Centro de Geologia da Universidade Federal de Minas Gerais. A prefeitura na Praça Conselheiro Mata está instalada na antiga casa da Intendência erguida no século XVIII.
Terra de diamantes, a cidade tem, na Rua Direita logo ao lado do Chafariz da Câmara, o Museu dos Diamantes localizado na Casa do Padre Rolim, um dos protagonistas da Inconfidência Mineira. Tem no seu acervo ferramentas usadas na extração de diamantes e ouro, arte e objetos sacros, armaria e instrumentos de tortura de escravos.
Diamantina possui também oficinas de tapetes de arraiolos na Cooperativa Artesanal.
Diamantina, classificada pela UNESCO Património da Humanidade, é um verdadeiro ecomuseu, como aliás o são variadas cidades brasileiras de fundação portuguesa, de um modo geral muitíssimo bem conservadas, e cuja visita é fundamental e obrigatória para se entender a América portuguesa no tempo da mineração.
O espaço envolvente foi classificado Parque Estadual da Prevenção Ambiental.
Próximo de Diamantina, por uma estrada de terra, acede-se à Vila do Biribíri construída em 1876. Fica a 15 km da cidade e vale a pena visitar as antigas instalações da Companhia Industrial de Estamparia com a igreja e a casa dos operários, armazéns, escola, teatro, enfim… uma joia sem preço representativa de arqueologia industrial brasileira.