Património Imaterial
Procissão da Ronda da Lapinha
A Ronda da Lapinha é uma manifestação de religiosidade popular e ao mesmo tempo uma expressão de Património Cultural Imaterial.
O tema da chamada religiosidade popular tem merecido a atenção de estudiosos, historiadores, sociólogos, psicólogos, antropólogos, profissionais dos meios de comunicação, sacerdotes, políticos, etc. Simultaneamente, tem havido pesquisas, exposições, seminários e congressos para discutir, mostrar e expor os seus variados aspetos e os seus objetos culturais.
O que mais impressiona quando se olha para a religiosidade popular é a relação muito estreita que existe sempre entre as suas variadas e complexas manifestações e o ambiente sócio cultural em que as mesmas se desenvolvem, o que normalmente não acontece com as manifestações oficiais.
Outra característica importante é que cada manifestação de religiosidade popular tem uma identidade própria, que por vezes se afasta das regras dos sistemas religiosos oficiais.
O termo popular, quando é usado para adjetivar a religiosidade, significa aquilo que é relativo e pertencente ao povo, especialmente a gente mais simples, com pouca ou nenhuma instrução. Algo que pertence à população mais rural, por oposição ao que é valorizado pelas camadas citadinas ou mais privilegiadas da população.
A Ronda da Lapinha é uma manifestação cuja génese se encaixa perfeitamente neste perfil, mas para além disso é também uma expressão de Património Cultural Imaterial, ou património intangível, na medida em que é uma expressão cultural de uma vasta camada da população dos concelhos de Guimarães, Fafe, Felgueiras e Vizela, que se tem preservado, mantido e transmitido ao longo de 4 séculos.
Acresce, ainda, que a Ronda da Lapinha, pelas suas características religiosas, sociais, culturais e antropológicas, é um evento único no mundo e como sabemos, na época em que vivemos a nossa competitividade passa por apostar naquilo que for simultaneamente autêntico e diferente.
A Ronda da Lapinha é um evento antigo, já acontece há mais de 400 anos e percorre território de 14 freguesias deste concelho, a saber: Calvos, Infantas, Costa, Mesão Frio, Azurém, Oliveira do Castelo, S. Paio, S. Sebastião, Creixomil, Urgezes, Polvoreira, Tabuadelo, S. Faustino e Abação. É a única manifestação religiosa do concelho de Guimarães que atravessa as 3 freguesias da cidade, que hoje constituem uma União, e ainda, as principais freguesias urbanas envolventes da Cidade, como Costa, Mesão Frio, Azurém, Creixomil, Urgezes e Polvoreira.
Toda a movimentação religiosa que se opera na cidade de Guimarães no decorrer da Procissão da Ronda da Lapinha, com as imagens em andores de várias Igrejas onde foram veneradas até ao Largo do Toural, proporciona um ambiente de religiosidade popular e misticismo que tornou a cidade de Guimarães como um palco privilegiado para mostrar nas suas Igrejas e ruas, no dia da Ronda da Lapinha, ou seja, no domingo mais próximo do solstício de verão, a riqueza e singularidade da religiosidade popular portuguesa e do património cultural imaterial que lhe está associado.
A cidade de Guimarães converte-se, em cada terceiro domingo de junho, num verdadeiro Ponto de Encontro da Religiosidade Popular e Património Imaterial.
Da programação da Ronda faz parte uma Missa Solene presidida pelo Senhor Cónego José Paul Abreu, Vigário Geral.
Como é habitual, a procissão de penitência sai do Santuário da Lapinha às 13 horas em ponto para percorrer a primeira etapa de 9 quilómetros entre a Lapinha e a Igreja de Nossa Senhora da Oliveira; a chegada ao Largo da Oliveira e a entrada na Igreja costumam acontecer às 16 horas. Pelas 16h45 sai da Igreja da Oliveira o andor com a imagem da Senhora da Lapinha para iniciar a segunda etapa da Ronda, parando no Largo do Toural, onde é proferido um Clamor Solene.
De resto, em todo o percurso de 21 quilómetros são rezadas 1000 avé-marias, que o Senhor Arcebispo de Braga classificou de Meia Maratona da Fé.
Para melhor concretizar este objetivo, são colocados pendões em cada quilómetro da Ronda anunciando a intenção concreta de cada terço, 20 no total.