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Teatro

O Teatro Azul e o Forum de Espetáculos de Almada

País: Portugal
Distrito: Setúbal
Concelho: Almada

Tipo de Património
Teatro
Descrição

Expressão da modernidade arquitetónica

Há que valorizar a expressão urbana e arquitetónica da cidade de Almada e a tradição histórica que, no que respeita ao teatro, em muito transcende o conceito, errado e injusto de dormitório de Lisboa.

Almada envolve uma dimensão histórica especifica, que remonta a figuras e referencias, por exemplo Fernão Mendes Pinto ou Manuel de Sousa Coutinho, que Garrett simbolizou no “Frei Luis de Sousa” onde a tragédia decorre… E vale lembrar que, precisamente, Romeu Correia aqui situa a sua peça denominada “O Andarilho de Sete Partidas”, evocativa da figura e obra de Mendes Pinto.

E é por isso adequada a iniciativa da Câmara Municipal de Almada, ao recordar Romeu Correia no Forum de Espetáculos a que deu precisamente o nome de Romeu Correia, projeto do arquiteto João Lucas Dias. Evocamos aliás a tradicional Sociedade Filarmónica Incrível Almadense (SFIA): e recordo, desde os anos 50/60 do século passado, espetáculos de teatro e mesmo concertos sinfónicos na sala da SFIA. Romeu Correia, noutro lado o escrevi, é um dramaturgo emblemático de Almada, inclusive pela frequência dos temas respeitantes ao ambiente específico da margem sul do Tejo e das suas gentes. (cfr.”Teatros em Portugal – Espaços e Arquitetura” ed. CNC e Mediatexto pags 97/98).

Quanto ao moderno Teatro Azul de Almada, projeto dos arquitetos Manuel Graça Dias e Francisco José Viegas com participação do arquiteto Gonçalo Afonso Dias e outros: trata-se de um excelente recinto de espetáculos, inaugurado na temporada de 2005/6 e notável pela expressão moderna da sua estrutura arquitetónica e da sua especificidade de casa de cultura.

Também como já escrevi, o nome de Teatro Azul deriva do revestimento em mosaico cerâmico vitrificado de cor obviamente azul, que deu leveza a um edifício complexo, encravado numa rua estreita. E essa topografia desnivelada, digamos assim, enquadra uma empena curva, vasta e cega até à cobertura: uma espécie de triângulo abaulado, passe a expressão talvez pouco rigorosa aplicada a um notável edifício, mas que se prolonga até à cobertura.

Fernando Mota de Matos especifica: “De linhas exteriores geométricas e integralmente pintado de azul, é formado por corpos paralelos, uns totalmente cegos, outros rasgados por grandes vãos envidraçados”… (in “Portugal Património” vol. VII ed. Circulo de Leitores, pag. 303)

No interior, sobressai uma escultura de bronze da autoria de José Aurélio. Comporta duas salas para espetáculo, a principal, com lotação variável entre 386 e 466 lugares, conforme a natureza do evento, pois foi previsto um fosso de orquestra adaptável à extensão da plateia. E são de assinalar decorações e pinturas de Pedro Calapez, desde logo a chamada tela de boca que muito valorizaram, na sala e no foyer, a modernidade do edifício.

E o envolvimento cultural e social é rentabilizado, ainda, por áreas diversas de espetáculo, cultura e convívio.

Assim, a chamada sala- estúdio, com lotação de 90 lugares, “prolongada” e rentabilizada por um chamado na origem café-concerto com lotação de mais 100 lugares e acesso direto à rua.  Uma galeria de exposições, sala de vídeo e até um espaço para acolher e entreter um púbico infantil. Foi prevista uma área para livraria. E debaixo do palco e com as mesma dimensões, existe uma zona de ensaios que, no limite, poderá “duplicar” a atividade cénica.

A vista a partir do Teatro, através de vastos janelões, valoriza mais o interior. E o espectador sente-se confortável…

Fernando Mota de Matos, em “Portugal Património” (ed. Circulo de Leitores vol. VII) descreve: “De linhas exteriores geométricas e integralmente pintado de azul, é formado por corpos paralelos, uns totalmente cegos, outros rasgados por grandes vãos envidraçados “.

E assim é!

 
Duarte Ivo Cruz
Fonte de informação
Duarte Ivo Cruz
Data de atualização
14/11/2016
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