Património Imaterial
Falcoaria - Património Imaterial da Humanidade
A Falcoaria foi considerada pela UNESCO como Património Cultural Intangível da Humanidade a 16 de Novembro de 2010.
Este método de caça subsistiu desde a sua origem que remonta a um período anterior à época das pirâmides (há mais de 4000 mil anos), até aos dias de hoje e representa a perpetuação de uma tradição verdadeiramente milenar. A transmissão deste património de pais para filhos, permitiu que esta arte chegasse até nós, ao século XXI.
O estilo de vida moderno e rápida urbanização dos meios naturais restringem e apresentam sérios desafios à prática da falcoaria. Em muitos países isto tem levado a um declínio acentuado da prática. O abandono rural é uma das principais ameaças às tradições diretamente ligadas à natureza. A UNESCO e o seu Comité para o Património Cultural da Humanidade procuram assegurar que os governos protegem as tradições agraciadas com a distinção de Património da Humanidade: tradições como artesanato, canto dança, artes e poesia ou práticas ligadas à natureza. Na realidade: “A falcoaria tradicional é excecional na forma como se interliga com todas estas formas de expressão humana” (Frank Bond, Presidente da IAF).
A candidatura da falcoaria a Património da Humanidade constituiu a maior na história da UNESCO, sendo apresentada por onze nações: Bélgica; Republica Checa; França; Coreia; Mongólia; Marrocos; Qatar; Arábia Saudita, Espanha, Síria e Emirados Árabes Unidos. A autoridade para a cultura e património de Abu Dhabi liderou e coordenou esta candidatura e os representantes da UNESCO consideraram-na: “…Um notável exemplo de cooperação entre nações”.
Desde a sua origem, no médio oriente, a falcoaria cresceu e hoje é praticada em todos os continentes. A sua dimensão, carácter multicultural e ligação às culturas dos países onde é praticada pode ser facilmente atestada. Assim: “Existem centenas de palavras próprias da falcoaria que são comuns em muitas línguas. Por exemplo mesmo termos como “gentleman” derivam de vocábulos próprios da falcoaria, sendo esta a designação usada pelos falcoeiros que caçava com uma fêmea de falcão peregrino, o “falcão gentil” (falcon gentle); os falcoeiros deram ao mundo o primeiro livro científico sobre a Natureza ‘De arte venandi cum avibus’ e casos houveram de batalhar evitadas ou terminadas pela oferta de presentes diplomáticos vivos: falcões.” (Frank Bond).
“Na Bélgica as crianças de hoje usam um livro sobre falcoaria para aprender o flamengo” (Madame Veronique Blontrock).
“Os voos que saem dos maiores aeroportos mundiais são protegidos hoje graças às técnicas desenvolvidas pelos falcoeiros, sendo assim possível evitar bird strikes e salvar vidas humanas” (Dr. Bohumil Straka, Républica Checa).
A submissão à UNESCO afirmava: “A Falcoaria é um das relações mais antigas entre homem e aves, data de a há mais de 4000 anos. É uma atividade tradicional que envolve o uso de aves de presa treinadas para a caça de presas no seu estado e habitat natural. É uma atividade natural porque falcão e presa evoluíram em conjunto durante milhões de anos; a sua interação é um drama histórico. O falcão está adaptado à captura da presa e a presa evoluiu para escapar ao seu predador. Isto conduz ao testemunho do verdadeiro funcionamento da natureza e impõem ao falcoeiro o desafio de compreender o comportamento natural de ambos os interlocutores desta dança natural. A sua tarefa é assegurar que estes atores se continuam a encontrar em plena natureza. Para o conseguir o falcoeiro tem de desenvolver uma forte relação de sinergia com a sua ave”.
A falcoaria é considerada uma atividade de baixo impacto; os falcoeiros compreendem que as suas aves de presa e as suas respetivas presas devem ser preservadas e têm assumido uma postura de uso sustentável dos recursos desde há séculos. Sua alteza, o falecido Sheikh Zayed bin Sultan Al Nahyan disse: “não é o que caças que é importante; é aquilo que deixas para trás”.
O professor Tom Cade do Peregrine Fund apontou: “Os falcoeiros assumiram o papel de maior destaque na recuperação do ameaçado falcão peregrino e estão envolvidos em numerosas actividades a favor da conservação”.
Na generalidade os falcoeiros partilham valores universais. Os métodos de treino e cuidado para com as aves, o equipamento utilizado e o sentimento de conexão com a sua ave são encontrados por todo o mundo. É este sentimento comum e conhecimentos partilhados que fazem da falcoaria uma atividade universal. “Este reconhecimento pela UNESCO significa muito para a preservação desta forma de arte em muitos países” (Frank Bond).
A 6 de Dezembro de 2012, a UNESCO estendeu o reconhecimento de património cultural à falcoaria praticada na Áustria e Hungria.
Fonte de Informação: Associação Portuguesa de Falcoaria