Portugal no Mundo
Real Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro
O Real Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro, fundado em 14 de maio de 1837, possui a maior e mais valiosa biblioteca de obras de autores portugueses fora de Portugal e o seu primeiro presidente foi o Dr. José Marcelino da Rocha Cabral.
É uma instituição oferecida pelos portugueses ao Brasil, como prova de gratidão dos que vieram realizar seus objetivos de vida neste país. A biblioteca é aberta ao público e os cursos de Literatura, História, Antropologia, Artes e Linguística são destinados principalmente a estudantes universitários.
Neomanuelino
A construção do edifício-sede foi iniciada em 10 de junho de 1880 (D. Pedro II lançou a pedra fundamental) e seguiu um projeto de traço "neomanuelino" de autoria do arquiteto português Raphael da Silva e Castro.
A inauguração ocorreu em 10 de setembro de 1887 e contou com a presença da Princesa Isabel e do Conde D'Eu. Nessa solenidade, o escritor Ramalho Ortigão afirmou em seu discurso: "Se um dia o nome de Portugal houver de desaparecer da carta política da Europa, esta Casa será ainda como a expressão monumental do cumprimento da profecia:... não se cabe a Língua, nem o nome português na terra".
Também devem ser registradas as palavras do grande brasileiro Joaquim Nabuco proferidas na mesma altura: "As pedras deste edifício são estrofes de Os Lusíadas".
No Real Gabinete foram realizadas as primeiras sessões solenes da Academia Brasileira de Letras, sob a presidência de Machado de Assis.
Na fachada, de autoria do escultor Simões Lopes, estão as estátuas de Camões, Vasco da Gama, Pedro Álvares Cabral e do Infante D. Henrique.
No salão nobre, 36 brasões de cidades portuguesas da época da construção do edifício ornam a cimalha que delimita as paredes do teto.
Obras Raras
Entre as obras raras da biblioteca podemos citar um exemplar da edição "princeps" de "Os Lusíadas", de 1572, que pertenceu à "Companhia de Jesus"; as "Ordenações de D. Manuel", por Jacob Cromberger, editados em 1521; os "Capitolos de Cortes e Leys que sobre alguns delles fizeram", editados em 1539; "Verdadeira informaçam das terras do Preste Joam, segundo vio e escreveo ho padre Francisco Alvarez", de 1540.
Possui ainda os manuscritos autógrafos do "Amor de Perdição", de Camilo Castelo Branco, e "O Dicionário da Língua Tupy", de Gonçalo Dias.
A biblioteca está inteiramente informatizada.
Arte e Beleza
Além do acervo bibliográfico, com obras raras, manuscritos, cartas e primeiras edições, o Real Gabinete possui uma importante coleção numismática e pinturas de José Malhoa, Carlos Reis, Oswaldo Teixeira, Eduardo Malta e Henrique Medina. Também merece registo o "Relicário da Saudade", em homenagem a Sacadura Cabral e que contém um pergaminho com assinaturas do Papa Pio X, do Rei de Portugal, D. Manuel II, do Rei de Espanha, Afonso XIII, e do Rei da Bélgica, Alberto I; o "Altar da Pátria", peça em prata cinzelada e em marfim, com 1,70m de altura, evocativa dos feitos dos navegadores portugueses, que fez parte da Exposição Internacional do Centenário da Independência do Brasil realizada no Rio de Janeiro em 1922; e ainda uma placa oval de prata e marfim, repuxada e cinzelada, de homenagem a Camões, com cenas mitológicas representando o Olimpo e que esteve também naquela Exposição.