Património Material
Café Calcinha
O Café “Calcinha”, inicialmente Café “Central”, carioca de origem, é réplica perfeita de um seu congénere brasileiro que Prazeres & Reis trouxe e implantou na vila, em 1927.
Toda a conceção interior, fortemente acentuada pelas sancas de madeira genuína do Brasil, reproduziam uma ambiência fiel de um certo cosmopolitismo que começou a despontar por influência da “Bélle Époque”.
O Café Central, de José Domingos Cavaco (de alcunha “Calcinha”) abriu as suas portas a 5 de Junho de 1929. O local escolhido para a sua implantação não podia ser mais central, já que a Praça da República era, e continua a ser, a zona mais concorrida da então vila de Loulé.
Equipado com o primeiro bilhar que veio para o Algarve, em meados dos anos 30, no espaço interior distribuíam-se mesas com tampo em pedra, apropriadas para o lazer ou para tratar de negócios.
Inicialmente frequentado por uma clientela selecionada, o Café foi abrindo, com o tempo, a frequentadores mais populares. Espontaneamente, dividiam-se em dois grupos distintos: os ricos ou mais “finos”, na direita e os pobres na ala esquerda.
No decurso da sua história muitos foram os nomes importantes da vila que o frequentaram, tais com Frutuoso da Silva, Bernardo Lopes, Bexiga Peres, Pedro de Freitas, José Magalhães, entre outros. Contudo, nenhum deles atingiria a notoriedade de António Aleixo, que neste café “disse” algumas das suas melhores quadras. Uma estátua em bronze, da autoria de Lagoa Henriques, colocada junta à porta do estabelecimento reflete a ligação profunda entre o poeta e o Café Calcinha.
Nos finais de 1976, Joaquim Prado tomou conta do Calcinha até aos dias de hoje.
Em termos arquitetónicos, o Café Calcinha é um imóvel com proporções equilibradas, não só, relativamente ao dimensionamento do lote onde se insere, como também, à componente urbanística de continuidade para a definição do espaço público envolvente. Os elementos de carácter decorativo apresentam sobriedade, muito embora, representem a valorização e creditação das intervenções urbanas da época. É o único edifício ainda existente na Cidade inserido na chamada Art Déco.
O Café Calcinha foi classificado como Imóvel de Interesse Municipal em 2012.
Em 2014 a Câmara Municipal de Loulé adquiriu este imóvel com o objetivo de preservar a sua identidade.
O Café Calcinha assinala os 90 anos no próximo dia 5 de junho e integra a Rota Portuguesa dos Cafés com História e a Associação Europeia dos Cafés com História.