Teatro
Breve Referência ao Teatro Romano de Braga
Na série de artigos sobre os teatros romanos no que é hoje território português, referimos hoje o teatro romano de Braga.
Na região que, na época, se chamava Bracara Augusta, já fora dos limites históricos da Lusitânia, os trabalhos de expansão urbana da cidade atual puseram a descoberto, em 1999, o conjunto do teatro e anfiteatro. A Câmara Municipal e a Universidade do Minho desenvolvem, em parceria, um trabalho de recuperação arqueológica e de divulgação histórica digno de registo, sobretudo porque, como temos visto em artigos publicados no CNC, são poucos os recintos de espetáculo oriundos do período da civilização romana que chegaram até nós.
Aliás, como se sabe, a Lusitânia romana não abrangia o território português a norte do Douro. Mas estendia-se pela Península, “provavelmente em 15 ou 16 a.C. tendo por capital Augusta Emerita (sob a atual Mérida) ” diz-nos Carlos Fabião. Evoca-se o Anfiteatro de Mérida, capital que foi da Lusitânia e hoje o mais imponente, significativo e utilizado recinto/monumento de espetáculos de origem romana da Península: os trabalhos de pesquisa e recuperação revelam uma área significativa de construção que documenta da melhor maneira a importância do aglomerado urbano e o seu significado cultural e monumental.
Mas volte-se agora a Bracara Augusta. As termas romanas de Maximinos ou as ruinas encontradas na área que é hoje a zona das Carvalheiras, referidas por Fernando Mota de Matos, são vestígios, já recuperados e devidamente estudados, da importância do núcleo urbano: como o é também o que Aarão de Lacerda descreve minuciosamente como o Quintal do Ídolo, remetendo para estudos de Leite da Vasconcelos e outros autores.
Como dissemos, as ruinas foram descobertas em 1999 no contexto de trabalhos de reconversão urbana de cidade de Braga.. A partir dessa data, têm avançado trabalhos notáveis de recuperação, descritos no estudo intitulado “A Construção do Teatro Romano de Bracara Augusta”, da autoria de Manuela Martins, Ricardo Mar, Jorge Ribeiro e Fernanda Magalhães.
A transcrição que a seguir se faz do estudo acima citado, permite avaliar este trabalho notável de recuperação. Há muito a descobrir nas ruinas do teatro romano de Braga, o qual teria uma lotação de 4000 a 4500 espetadores, o que dá a dimensão dos trabalhos em curso e do muito que ainda há para fazer.
“A intenção política terá residido no estabelecimento de uma relação privilegiada do edifício com o fórum que se situava a nascente do teatro”. (…) E refere-se “a construção de termas públicas anexas que se dispõe a sul do teatro, sendo de sublinhar que existem numerosos exemplares de uma estreita relação entre os teatros, os equipamentos termais e os jardins”.
Prosseguem pois os trabalhos. Mas aquilo que já hoje se vê e a forma como se procede à recuperação constitui um caso exemplar de articulação de entidades publicas que, tantas vezes por esse país fora, vivem de costas voltadas ou em conflito aberto!...